Portugal será nova Grécia
Não é a resistência e a luta mas a concretização do pacto de agressão que conduzirá o País a um «ciclo vicioso de endividamento, austeridade e recessão», garante o PCP.
A Grécia tem mais um ano de aplicação de um pacto de agressão
A situação da Grécia e as «dramáticas consequências que se abatem sobre os direitos, rendimentos e condições de vida do seu povo é a que, já se verificando em Portugal, poderá ser substancialmente agravada se não for rejeitado e derrotado o pacto de agressão assinado por PS, PSD e CDS com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional», afirma o PCP, numa nota do seu Gabinete de Imprensa, emitida no dia 9.
Para os comunistas, e ao contrário do que o Governo de Passos Coelho e Paulo Portas quer fazer crer, o problema não está na luta e na resistência dos trabalhadores e do povo à concretização deste pacto. Está, sim, na «cega submissão e antipatriótica imposição de um programa ditado por interesses do grande capital», que terá «terríveis consequências económicas e sociais» e condenará Portugal à condição de um «mero protectorado submetido à chantagem e extorsão do grande capital e à dependência externa face a países como a Alemanha».
A evolução da situação na Grécia – país que tem mais um ano do que Portugal de «sujeição às mesmas medidas e imposições que estão a fazer o seu caminho com o pacto de agressão» – revela, para o PCP, que «só a rejeição deste pacto e a derrota das políticas que o acompanham podem impedir que o País seja conduzido para o abismo económico e social para onde o grande capital e as forças políticas ao seu serviço o estão a empurrar».
Este novo pacote de medidas imposto à Grécia põe ainda em evidência o rumo ruinoso que, a pretexto da dívida pública e do défice orçamental, as «instituições ao serviço do capital transnacional e dos interesses do directório das principais potências europeias estão a impor aos trabalhadores e aos povos da Europa». Um pacote de exploração, empobrecimento e saque dos recursos nacionais que, em nome de uma «falsa “assistência financeira”, tem em vista a institucionalização de um programa de agressão que dá corpo à estratégia de concentração e centralização capitalista e de regressão social e civilizacional, cujo resultado é o agravamento da dependência e o comprometimento das possibilidades de desenvolvimento soberano», conclui ainda o PCP.
Nesse comunicado, o PCP reafirmava ainda a sua «total solidariedade para com a luta dos trabalhadores, do povo e dos comunistas gregos», ao mesmo tempo que apelava à participação na manifestação nacional realizada dois dias depois, no Terreiro do Paço, em Lisboa – na qual participariam mais de 300 mil pessoas (ver página 5 e 15 a 18).
Abrandamento e recessão
Nem de propósito, o Instituto Nacional de Estatística divulgou nesse mesmo dia 9 dados preliminares sobre o Comércio Externo em Dezembro de 2011, revelando que as exportações de mercadorias cresceram em termos nominais 4,4 por cento, enquanto as importações caíram 16,9 por cento. Para o PCP, que reagiu a estes dados através de um comunicado do Gabinete de Imprensa, nota-se já os efeitos do «abrandamento» e da «recessão económica que se verifica nos principais mercados comunitários do nosso País», em resultado da crise sistémica que atinge toda a União Europeia. Isto é claro na desaceleração do ritmo das exportações.
Já as quebras verificadas nas importações são um «reflexo claro da recessão económica no nosso País». Ou seja, não resulta de mais produção nacional, mas das dificuldades no poder de compra vividas pelo povo português. Estes dados confirmam ainda, para os comunistas, aquilo que há muito o PCP vem alertando: «austeridade sobre austeridade tem como consequência a recessão económica.»