Mas não seguro!

João Frazão

António José Seguro está a especializar-se em declarações profundas sobre a vida nacional!

Seguramente todos nos lembramos ainda da abstenção violenta face ao Orçamento do Estado, para justificar a sua opção de viabilizar aquele que é o principal instrumento de aplicação das medidas anti-populares e de desastre do Governo, de que o PS dizia discordar.

Esta semana, Seguro anunciou-se em desacordo com alguns aspectos do pacto de agressão – que o governo do seu PS negociou com a troika e que PSD e CDS estão, alegremente, a aplicar – e preparado para ser primeiro-ministro em 2015.

À primeira declaração, Seguro juntou a ideia de que apesar de não estar de acordo (não se comprometendo com os desacordos em concreto!), está determinado a honrar os compromissos assumidos pelo governo do Partido de que hoje é Secretário-geral, uma espécie de vai ser assim, custe o que custar.

Seguro está enredado numa contradição insanável! Era membro da maioria que apoiava o governo que ajoelhou perante as exigências da troika, para acentuar a exploração dos trabalhadores. É portanto directamente responsável por este rumo que está a causar tantos danos ao povo português. E não pode fazer críticas à política do actual Governo, sem que um qualquer ministro ou secretário de Estado lhe lembre «olhe que esta medida estava prevista no memorando (que é o eufemismo que as forças do capital arranjaram para dourar a pílula do pacto de agressão) que o seu governo assinou».

Mas a parte da declaração em que Seguro se afirma preparado para ser primeiro-ministro, em 2015, só pode ser entendida como uma espécie de esquizofrenia política!

Pois, se por um lado, Seguro se afirma determinado em honrar os compromissos assumidos pelo governo anterior, e se isso está a ser concretizado, de forma absolutamente zelosa, por Passos e Portas, não se percebe qual a intenção do Secretário-geral do PS.

E se, por outro lado, Seguro considera que o rumo deste Governo é tão errado, não se percebe como se afirma disposto a aguardar até 2015 para substituir Passos Coelho, enquanto este destrói o País e enquanto os trabalhadores e o povo estão na rua a dizer que substituir esta política, já ontem era tarde!

Neste seu deambular pela alta política, está visto que António José vai formoso, mas não seguro!



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