Depois do veto russo e chinês à resolução no CS da ONU

Síria desmonta campanha imperialista

O governo sírio desmente as informações difundidas sobre a violência desencadeada este sábado em Homs, e acusa os grupos armados apoiados pelo imperialismo de serem os responsáveis pelas atrocidades contra civis e pela situação na região.

Damasco acusa os grupos terroristas pela violência em Homs

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O Ministério do Interior sírio sustentou uma versão muito diferente da difundida pelos órgãos de comunicação social dominantes quanto aos factos ocorridos em Homs, acusando os grupos armados de serem responsáveis, por exemplo, pelo bombardeamento do bairro de Bab Amr e pelo assédio militar a um hospital local. As autoridades negam ter cercado a cidade para conter nova revolta popular, como alega a chamada oposição, que fala em mais de 200 civis mortos pelas forças armadas.

Para o governo de Damasco, os terroristas dedicaram-se a destruir, a atacar e a saquear edifícios públicos e privados; a atentar contra infra-estruturas do complexo energético (só entre domingo e segunda-feira rebentaram à bomba dois oleodutos e um gasoduto na região); a raptar cidadãos.

A agência de notícias síria acusa mesmo as cadeias de televisão dominantes de apresentarem imagens de civis sequestrados como sendo vítimas dos bombardeamentos governamentais. A Lusa reproduziu a informação veiculada pela Sana referindo que «os civis que os canais de televisão mostraram são cidadãos que foram sequestrados e mortos por homens armados».

Parecendo confirmar as declarações oficiais, Thana al-Mohamad, residente em Homs ouvida por meios de informação do país, diz ter reconhecido os corpos de familiares raptados há cerca de duas semanas, tristemente utilizados para fabricar notícias, salientou.

O Ministério do Interior vai mesmo mais longe e acrescenta que, inversamente ao propagandeado, o povo de Homs solicitou a protecção das forças armadas quando cerca de 300 mercenários irromperam na cidade.

«O que realmente aconteceu foi que grupos armados atacaram bairros habitacionais», testemunhou um morador ao canal Syria News. «Se na realidade o exército sírio estivesse aqui, as nossas casas não tinham sido bombardeadas e não teriam morrido inocentes», considera, por seu lado Daud Darwish, ouvido pela mesma fonte.

 

Armas não faltam

 

O regime sírio fala ainda na apreensão de grandes quantidades de armamento, tais como bombas de fabrico israelita, explosivos, metralhadoras, munições, antiaéreas, detonadores e uniformes militares. O material tem sido capturado desde a semana passada em contundentes operações de desmantelamento de instalações supostamente afectas à oposição e aos grupos armados que contestam o presidente Bashar al-Assad.

A Síria diz também ter detido no sábado um agente secreto da Arábia Saudita em Homs, precisamente durante os confrontos entre o exército e os grupos terroristas, informam meios de comunicação libaneses.

No Líbano e na Turquia estarão a funcionar importantes bases de apoio do denominado Exército Sírio Livre. A agência de notícias Cham Press faz eco de uma investigação efectuada pelo jornal libanês al-Akhbar (que inclui testemunhos de milicianos que garantem dispor de aparelhos de comunicação de fabrico saudita), na qual se revela que a fronteira do território foi convertida em plataforma de agressão à Síria.

O chamado Conselho de Istambul, dirigido pelo francês Burham Ghalion, tem papel fundamental na coordenação, e, garante igualmente a televisão síria, contrabandistas de armas como o libanês Fadi Moussa não deixam faltar armamento aos oposicionistas.

 

Campanha suja

 

Os acontecimentos dos últimos dias na Síria ocorreram quando o Conselho de Segurança das Nações Unidas discutiu uma resolução apresentada por Marrocos e apoiada pelos EUA, França ou Grã-Bretanha, cujo objectivo era internacionalizar a questão síria, tal qual o sucedido a respeito da Líbia com as consequências que se conhecem.

China e Rússia vetaram a proposta, repetindo o que haviam feito em Outubro do ano passado, e provocaram reacções «histéricas» por parte dos imperialistas, como qualificou o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov.

Lavrov não se fez rogado e segunda-feira encontrou-se mesmo com Bashar al-Assad em Damasco.

Chineses e russos consideram que o texto não contribui para a resolução pacífica da situação e abre caminho à proliferação de bandos armados na Síria.

Simultaneamente, e a par da campanha mediática que continua a reproduzir a obsessão imperialista – Hillary Clinton apela à mobilização dos «amigos do povo sírio» e manda encerrar a embaixada norte-americana na Síria; gauleses e britânicos promovem crispação diplomática com Damasco –, a agência Sana apresentou documentos que provam que o Qatar pagou milhares de dólares a jornalistas russos para difundirem informações falsas sobre a violência na Síria.

No mesmo sentido, a televisão síria obteve gravações áudio que provam que é Conselho de Istambul quem comanda à distância os ataques «expontâneos» às embaixadas da Síria no Cairo, Kuwait, Bruxelas, Londres ou Atenas.



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