Norte-americanos concentraram-se em 80 cidades

Nem guerra nem sanções contra o Irão

Concentrações realizadas em dezenas de cidades dos EUA exigiram o fim da política hostil para com o Irão e expressaram o repúdio do povo norte-americano face a uma possível ofensiva militar contra a nação persa, cuja probabilidade ganha força.

Os protestos ocorrem quando se adensa o clima de ameaças e crispação

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As iniciativas ocorreram sábado, dia 4, em cerca de 80 grandes e pequenas cidades de 30 dos 50 estados norte-americanos, garante uma nota divulgada pelas organizações promotoras.

«Não à guerra, fim às sanções» foram as principais palavras de ordem ouvidas em Nova Iorque e Los Angeles, mas também em Boston, Albany, Philadelphia, Baltimore, Washington, Atlanta, Tampa, Cincinnati, Detroit, Chicago, Milwaukee, Minneapolis, Dallas, Houston, Tucson, Phoenix, Albuquerque, Salt Lake City, São Francisco, Seattle ou Honolulu.

No dia anterior, em Rockport, no Estado do Illinois, outra manifestação juntou a rejeição da guerra à denúncia do orçamento dos EUA para a Defesa relativo ao ano de 2012, que destina 662 mil milhões de dólares para o sector.

Os participantes notaram ainda que aquela lei consolida os princípios da chamada guerra global contra o terrorismo, entre os quais a detenção de suspeitos de terrorismo por tempo indefinido, incluindo cidadãos norte-americanos.

Obama ficará conhecido como o presidente que abriu a porta à prisão de cidadãos nacionais sem acusação formada nem apresentação a julgamento, enfatizou Anthony Romero, director da União Americana de Liberdades Civis, citado pela Prensa Latina.

No mesmo sentido, David Gespass, da Associação Nacional de Advogados, considerou este «um passo rumo ao fascismo».

Os protestos contra um possível ataque imperialista ao Irão ocorrem quando se adensa o clima de ameaças e crispação. O argumento dos EUA, UE e Israel é de que o regime de Teerão desenvolve uma programa nuclear com fins militares, mas ainda recentemente um ex-oficial da CIA, Raymond McGovern, garantiu, que, contrariamente ao de Israel, o programa nuclear iraniano é pacífico.

O mesmo têm repetido as autoridades iranianas, que ainda a semana passada receberam no país, durante três dias, uma delegação da Agência Internacional de Energia Atómica e expressaram vontade em esclarecer todas as dúvidas.

O porta-voz do grupo, Herman Naeckerts, considerou a visita «positiva» e confirmou a disponibilidade iraniana para ultrapassar a desconfiança apresentando provas e factos.

 

Séria ameaça

 

Não obstante, os EUA voltaram a agravar as sanções económicas contra o Irão, isto depois de a UE ter decidido embargar a importação de petróleo daquele país. A decisão dos 27 tem efeito a partir de 1 de Julho, caso os iranianos não desistam do seu programa nuclear.

Teerão reafirmou que não vai abdicar do projecto, alegando que os seus fins são exclusivamente a investigação, a terapêutica e a produção de energia.

Em Israel, a vontade de atacar o território persa é indisfarsável e terá mesmo motivado o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a pedir a altas patentes militares e membros do seu governo contenção nas palavras.

A questão para Netanyahu parece ser não atrair atenções sobre a preparação de um ataque contra o Irão, cenário que o próprio secretário da Defesa, Leon Panetta, terá admitido como uma hipótese durante a Primavera. Pelo menos assim o afirmou o cronista do Washington Post David Ignatius, que acompanhou recentemente Panetta num périplo.

Mas se em Israel está a ganhar força a campanha que afirma que os iranianos terão em sua posse, até ao período pré-estival, uma quantidade de urânio enriquecido suficiente para construir ogivas nucleares, nos EUA, militares do nubloso Bipartisan Policy Center já elaboraram um relatório contendo as instruções para uma ofensiva relâmpago.

Segundo o canal Russia Today, o documento foi apresentado aos máximos responsáveis dos EUA e sugere a intensificação das operações de inteligência, a deslocação de mais vasos de guerra para a região do estreito de Ormuz, a realização de manobras militares com os países aliados e o reforço da sua capacidade militar, nomeadamente da Arábia Saudita.



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