Teorias bafientas!

João Frazão

Certinha como um pêndulo, regularmente lá vem a história do fim das ideologias, dos partidos, dos partidos de esquerda, em primeiro lugar, e dos partidos comunistas com particularíssima certeza.

Desta vez vêm no Público duas páginas de prosa sobre o assunto, sobre os novos movimentos sociais, sobre a participação da sociedade civil, sobre a transformação dos proletários em precários (teoria logo agarrada por São José Almeida para mais uma catalinária contra o PCP) e, de resto, sobre o fim inexorável, irreversível, incontornável, entre outras expressões começadas por i, do PCP.

A matéria é mesmo alicerçada num estudo académico de um investigador da Universidade de Edimburgo, que, num assomo de originalidade e criatividade, compara o PCP com um icebergue, que há-de derreter lentamente, até à sua completa liquidificação.

Não estamos perante nada propriamente novo. Como atrás se disse, estes ou outros escribas insistem nestas teorias bafientas, com alguma regularidade e isso é tanto mais comum, quanto se pressinta que se alargam as condições para a afirmação do PCP na sociedade portuguesa!

Talvez alguém pudesse avisar quer o jornalista, quer o estudioso escocês, quer mesmo o polítólogo André Freire, que colabora no dito estudo, que essa mesma teoria foi desfiada, antes, por muitos outros, vaticinando uns um declínio lento mas implacável, outros uma erosão progressiva mas pertinaz, sempre com a ideia de que encheriam outros movimentos modernos e alternativos, sem que a vida – essa sacana! – lhes tenha dado razão!

E de que esse pequeno desacerto com a realidade, pode ter a ver com o facto de eles insistirem em ignorar a intensa luta de classes em que este Partido continua envolvido, e que é a resposta de sentido único à ofensiva de classe, que tem como objectivo o agravamento da exploração; a profunda ligação deste Partido às aspirações populares e aos problemas do nosso povo; bem como o acerto das propostas para os resolver, razão primeira da sua existência!

E que, por mais epítetos que lhe tentem colar, sejam eles «conservador», ou, essa coisa terrível, que é ser marxista-leninista, encontrarão pela frente um colectivo determinado a prosseguir o seu papel de Partido, Comunista e Português!



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