De braços abertos

José Casanova

Em entrevista ao Diário de Notícias, António Saraiva, presidente da CIP, comentou o chamado «pacto social» firmado pela troika patronato/governo/UGT.

Fê-lo com a satisfação típica do momento e com os avisos típicos de quem padece de uma sede insaciável de mais e mais exploração, ou seja, sempre a pensar que, como disse o outro, «só no final saberemos se estas medidas são suficientes»…

Disse ele, a dada altura, que «a UGT cumpriu o seu papel de defesa daqueles que representa» – verdade que muito há-de ter agradado aos pais-fundadores da central amarela: PS, PSD e CDS, apoiados pela reacção nacional e internacional e pelos milhões de dólares, libras, marcos, francos, coroas e etc. enviados, pelos países donos da respectiva moeda, através das centrais internacionais do divisionismo sindical.

Recorde-se que a tarefa essencial da UGT consistia em «quebrar a espinha» à CGTP e anular a acção e a força do movimento sindical unitário, decisiva na defesa dos interesses dos trabalhadores portugueses.

Como a realidade veio a demonstrar, tratava-se de uma tarefa difícil, tão difícil que, não obstante a intensa intervenção divisionista desenvolvida pelos amarelos –

Mas é justo reconhecer que o presidente da CIP está cheio de razão quando diz que a UGT, ao assinar o pacto dos patrões, «cumpriu o seu papel» – sendo esse «papel», obviamente, o que lhe foi destinado quando da sua criação: servir os interesses do grande capital e apoiar a acção dos protagonistas políticos da contra-revolução de Abril... E nessa função jamais a corporação chefiada por João Proença se tinha desnudado como agora o fez.

Com tudo isto, talvez muitos dos trabalhadores filiados em sindicatos da UGT tenham percebido, enfim, onde estão metidos.

Se assim for, lá os esperamos, no dia 11, no Terreiro do Paço. De braços abertos.



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