José Pulquério fez 90 anos

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O refeitório da sede nacional do PCP encheu-se, na segunda-feira, com dezenas de funcionários e colaboradores da estrutura central do Partido para a celebração do 90.º aniversário do histórico militante comunista José Pulquério. Entre os presentes estavam, para além de familiares (tem três filhas, seis netos e sete bisnetos), alguns daqueles que o acompanharam ao longo da sua longa vida militante. Dirigindo-se ao aniversariante, Luísa Araújo, do Secretariado do Comité Central, afirmou: «que bom comemorares connosco os teus 90 anos, comemorares com camaradas com quem trabalhaste há muitos anos na clandestinidade, camaradas com quem trabalhaste muitos anos aqui na sede do Partido e camaradas mais novos, que nunca ouviram falar de ti e hoje vão ficar a conhecer-te e a saber coisas sobre ti».
Contribuindo para este maior conhecimento da vida e actividade de José Pulquério, Luísa Araújo lembrou a infância e a juventude em Vale de Vargo, o trabalho no campo desde muito novo e o namoro e casamento com uma mulher «também ela operária agrícola, para ti talvez a mais bonita das raparigas da aldeia – a Úrsula». A actividade política, recordou a dirigente comunista, começou na aldeia, quando, juntamente com a companheira, partia de noite para distribuir os «papéis com as mensagens de luta e de confiança dos trabalhadores, do povo, do Partido Comunista Português».
«De dia e de noite», continuou Luísa Araújo, «lutaste por trabalho, por aumento da jorna e dizias não ao trabalho de sol a sol. Sabias que a luta ainda tinha que ser mais forte. O Partido precisava que vocês, tu e a tua companheira, tivessem outras tarefas e outras responsabilidades, na mesma de dia e de noite». Ficaram a seu cargo com tipografias clandestinas: «os papéis eram os mesmos, mas agora eles saíam das vossas mãos e de filhas que vos acompanharam antes de irem para as mãos e para a consciência dos trabalhadores que lá na terra os espalhavam pelas casas, pela ruas, pelos campos».
Foi entre Damaia e Benfica que José e Úrsula «souberam que a luta em Vale de Vargo, no Alentejo e no Baixo Ribatejo, saiu vitoriosa», recordou Luísa Araújo, acrescentando ter sido com as suas mãos que foi «composto e impresso o Avante! que saudou a vitória das 8 horas», tal como outras vitórias da classe operária e do Partido, como as fugas de Peniche e de Caxias. Estas seriam precisamente as duas prisões por onde passou e onde esteve encarcerado durante quatro anos.
A seguir ao 25 de Abril, como funcionário do Partido, assumiu tarefas de apoio à direcção e trabalhou na sede central do Partido, «sempre sereno, bem disposto, simpático. Quando nos vens visitar, és o mesmo e é assim que te queremos ver muitos mais anos. O mesmo. Abraçaste o Partido, manténs a ideologia que levará o proletariado ao poder».
Antes do bolo de aniversário, José Pulquério ainda recebeu presentes da família e dos camaradas com quem trabalhou e ouviu a sua filha, Luísa Basto, cantar Abandono, também conhecido por Fado de Peniche, pelas evidentes alusões do poema (de David Mourão Ferreira) à fortaleza que servia de prisão política.



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