Sindicatos nigerianos não cedem

Greves prosseguem

Apesar do recuo tác­tico do go­verno no au­mento dos com­bus­tí­veis, os sin­di­catos ni­ge­ri­anos mantêm as pa­ra­li­sa­ções e ame­açam voltar a en­du­recer a luta contra a me­dida in­justa.

«O preço dos com­bus­tí­veis mais do que du­plicou pro­vo­cando a re­volta»

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Ao fim de cinco dias de greve geral e pro­testos en­vol­vendo mi­lhares de pes­soas em di­versas ci­dades do país – so­bre­tudo em Lagos, a maior me­tró­pole da Ni­géria e con­si­de­rada o prin­cipal pólo co­mer­cial do ter­ri­tório, mas também na ca­pital Abuja e nou­tras grandes áreas ur­banas a Norte –, o pre­si­dente Go­o­dluck Jo­nathan de­cidiu re­duzir para 97 nairas (47 cên­timos de euro) o preço do litro de com­bus­tível.

A de­cisão, to­mada no final da se­mana pas­sada, teve como ob­jec­tivo aplacar a onda de con­tes­tação que alas­trava desde se­gunda-feira, dia 9. Em res­posta, as cen­trais sin­di­cais NLC e TUC, e os mais re­pre­sen­ta­tivos sin­di­catos do sector pe­tro­lí­fero acei­taram in­te­grar uma ronda ne­go­cial com o go­verno a fim de al­cançar um en­ten­di­mento sobre a ma­téria.

O pro­cesso acabou go­rado, já que, apesar do recuo tem­po­rário, Jo­nathan in­siste em «pros­se­guir a li­be­ra­li­zação do sector pe­tro­lí­fero». Neste con­texto, o mo­vi­mento sin­dical anun­ciou a con­ti­nu­ação das greves e não des­carta voltar a con­vocar ac­ções de massas, em­bora, para já, tenha ape­lado à po­pu­lação para não sair à rua.

O fun­da­mental neste pe­ríodo pa­rece ser evitar novos con­frontos com as au­to­ri­dades, que já pro­vo­caram 15 mortos e pelo menos 600 fe­ridos, se­gundo a Cruz Ver­melha. A re­pressão de pró­ximas ma­ni­fes­ta­ções é uma hi­pó­tese con­subs­tan­ciada pelo re­forço do con­tin­gente po­li­cial e mi­litar, du­rante o fim-de-se­mana, no centro de Lagos.

 

Po­ten­ci­a­li­dades da luta

 

A 1 de Ja­neiro, o exe­cu­tivo mais do que du­plicou o preço dos com­bus­tí­veis no país. O litro da ga­so­lina passou de 65 para 140 nairas (0,30 para 0,66 euros), me­dida que cas­tiga bru­tal­mente os tra­ba­lha­dores e o povo, re­flec­tindo-se em su­bidas nos trans­portes – e por con­sequência no preço dos ali­mentos, so­bre­tudo nas ci­dades –, e na elec­tri­ci­dade.

Go­o­dluck Jo­nathan ar­gu­menta que os sub­sí­dios ao con­sumo de com­bus­tí­veis são in­com­por­tá­veis, mas os ni­ge­ri­anos con­tra­põem com a cor­rupção ge­ne­ra­li­zada e com o facto da Ni­géria ser o maior pro­dutor afri­cano, com uma pro­dução diária es­ti­mada entre os dois e os 2,4 mi­lhões de barris de crude.

Pa­ra­do­xal­mente, o país im­porta a es­ma­ga­dora mai­oria dos pro­dutos re­fi­nados de que ne­ces­sita, o que re­vela que as grandes mul­ti­na­ci­o­nais do sector mantêm o ter­ri­tório numa con­dição de cró­nica de­pen­dência téc­nica.

Os acon­te­ci­mentos ul­te­ri­ores dirão se esta luta eco­nó­mica tem fô­lego para se elevar ao pa­tamar de um com­bate mais amplo pela so­be­rania e contra a ra­pina dos re­cursos.



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