Merceeiros e mercenários
As famílias Soares dos Santos e de Belmiro de Azevedo contam-se entre as mais ricas do País, disputando com Américo Amorim o pódio dessa espécie de ranking. Famílias que, contando com uma política submissa aos seus interesses de classe, foram acumulando colossais fortunas à custa da exploração, do saque e do empobrecimento do País. Famílias que são proprietárias dos grupos SONAE e Jerónimo Martins e que dominam hoje, com as lojas Continente e Pingo Doce, mais de 50% de todo o sector da grande distribuição.
Não poucas vezes ouvimo-los na praça pública a falar grosso ao País e a invocar o «interesse nacional». Mas a realidade tem vindo a demonstrar que os interesses do povo português são antagónicos com a dimensão das contas bancárias de cada um destes senhores.
Nesta semana, o Continente lançou uma promoção de leite –
No mesmo período, a CMVM era informada de mais uma negociata da família Soares dos Santos, com a transferência de 56,132% do capital social do grupo Jerónimo Martins, para uma sucursal do mesmo grupo sediada na Holanda, visando alcançar ainda maiores benefícios fiscais («Sabe bem pagar tão pouco» – Lembram-se?!). Um passo que se insere no escandaloso processo que está em curso de fuga de capitais para o estrangeiro – só entre Janeiro e Outubro saíram do País mais de 11 mil e 500 milhões de euros – por parte do grande capital e de esbulho ao Estado que ficou assim privado de dezenas de milhões de euros que seriam devidos em impostos.
Ei-los, pois – num momento em que sobre o povo se abate a mais violenta ofensiva desde os tempos do fascismo – a exibirem a sua arrogância e o seu poder perante o silêncio cúmplice do Governo e do Presidente da República, e a darem razões – muitas e cada vez mais – para que os trabalhadores e o povo português lhes travem o passo.