Egípcios insurrectos contra poder militar
Pelo menos 14 pessoas morreram e mais de 500 ficaram feridas em quatro dias de repressão, ordenada pela Junta militar egípcia para aplacar a contestação ao poder que se mantém desde o derrube do ditador Hosni Mubarak.
Exige-se o imediato abandono do poder por parte dos militares
De acordo com informações divulgadas por agências, a violência foi desencadeada, sexta-feira, quando um dos manifestantes foi brutalmente agredido pela polícia militar. Acresce que, durante o fim-de-semana, as forças repressivas reforçaram as barreiras de arame farpado e blocos de betão que impedem o povo de se aproximar dos centros do poder, e incendiaram as tendas montadas na emblemática Praça Tahir, no centro do Cairo.
As autoridades alegam, por seu lado, que foram os contestatários que deram início aos confrontos, mas as imagens que correm mundo mostrando uniformizados a arrastarem e a espancarem uma mulher semi despida parecem não deixar dúvidas.
Milhares de egípcios mantêm-se desde o final do passado mês de Novembro na Praça Tahir procurando impedir que Kamal el-Ganzuri, nomeado pelo Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) para o cargo de primeiro-ministro, tome posse.
Ganzuri já havia desempenhado a chefia do executivo durante a ditadura de Hosni Mubarak, e esse facto avolumou a cólera popular, que exige o imediato abandono do poder por parte dos militares e acusa o CSFA de manter o fundamental da estrutura e as práticas do regime derrubado no início deste ano.
Exemplo disso mesmo foi a morte de 42 duas pessoas numa revolta popular, com os mesmos motivos, a qual precedeu a primeira fase das «eleições» no país, realizadas a 28 de Novembro.
À hora do fecho da nossa redacção, pelo menos 14 pessoas já haviam morrido e mais de 500 resultaram feridas em quatro dias de repressão no Cairo. Pelo menos outras 180 pessoas foram detidas e acusadas de atirarem pedras e cocktail’s molotov contra a polícia, 164 das quais terão sido imediatamente levadas a tribunal, de acordo com a agência egípcia Mena.
As últimas informações indicavam que para além da capital egípcia, as manifestações populares de repúdio estenderam-se à segunda maior cidade do território, Alexandria.