Crise no Douro
Em comunicado, a Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro (AVIDOURO) lamentou que as comemorações do décimo aniversário da classificação do Alto Douro Vinhateiro (ADV) como Património da Humanidade, assinaladas no dia 14, na Régua, não tenham contado com os principais construtores da paisagem: os pequenos e médios produtores de vinho, bem como as suas organizações sócio-profissionais.
«Sem muitos milhares de pequenos e médios lavradores durienses a granjear as suas explorações vitivinícolas e a comercializar, a melhores preços, os seus vinhos, não há ADV, não há Região Demarcada do Douro, não há paisagem, não há turismo», salientou a AVIDOURO, lembrando que nos últimos dez anos «baixaram drasticamente» os rendimentos dos produtores e toda a região ficou mergulhada numa «crise como já não há memória». Crise que, segundo a Associação, poderá ser agravada «caso não sejam tomadas medidas urgentes de apoio governamental principalmente à vitivinicultura da região».
Aquele dia ficou ainda marcado por um protesto contra a construção da Barragem de Foz Tua, que coloca em risco a classificação do Douro como Património Mundial. Francisco José Viegas, secretário de Estado da Cultura, recebeu do Partido Ecologista «Os Verdes» uma carta-aberta e uma prenda que simboliza uma «gota de água do Douro», na qual se reflectem os socalcos. Uma gota que, segundo a dirigente ecologista Manuela Cunha, não se quer que se transforme numa lágrima do Douro pela perda da classificação.