Iraque arrasado

Mais de oito anos após a invasão e ocupação do Iraque, os números chocantes de um milhão e 300 mil mortos e quatro milhões de refugiados convivem com a fome e a miséria num território arrasado mergulhado na corrupção, garante um membro da Frente de Resistência Iraquiana contra a Ocupação.

Em entrevista ao diário basco Gara, El bagdadí Taha Azzez, ex-preso político em Abu Ghraib (2005-2008), actualmente exilado na Síria, considera que depois da derrota militar do regime consumou-se a total destruição do país. Agricultura, indústria, serviços de Saúde, Educação e saneamento básico, segurança pública, antes garantidos gratuitamente à maioria da população, estão hoje totalmente colapsados.

«Cerca de um terço das mulheres não acedem à Educação por medo; os sequestros e as matanças converteram-se num hábito, e mesmo considerando que havia detenções, agora há 23 mil e 500 presos nas 420 cadeias dos EUA no Iraque, aos quais se juntam os 400 mil detidos pelo governo em cárceres onde as mulheres são torturadas e violadas (93 por cento são sunitas), e onde apenas 10 por cento dos detidos saem para julgamento», disse Azzez na entrevista concedida ao jornal à margem de uma conferência realizada em Bilbao.

O membro da resistência acrescentou ainda que «o património cultural do país foi saqueado e destruído», que «há cerca de três milhões de viúvas e cinco milhões de órfãos», e que «28 por cento das crianças sofrem de desnutrição e 10 por cento de doenças crónicas».

À frente dos principais responsáveis por esta pirâmide de indigência, sofrimento e degradação estão as multinacionais, que saqueiam os recursos do país e «não pagam qualquer imposto», e a corrupção do aparelho político instalado pelos ocupantes.

No Iraque «desapareceram 17 mil milhões de dólares; descobriu-se recentemente 66 mil empregos fictícios no Ministério do Interior com um custo anual de cinco mil milhões de dólares ao Estado; muitos parlamentares, cujos salários ascendem a 30 mil dólares, nem sequer comparecem às sessões», exemplificou antes de garantir que a solução imediata para o Iraque é a retirada de todas as tropas e mercenários estrangeiros, e que os iraquianos vão continuar a resistir, pois esse é um direito que ninguém lhes pode tirar.



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