O exuberante Paulo Portas das campanhas eleitorais frenéticas e das tiradas estudadas ao milímetro dos tempos da oposição deu lugar a um discretíssimo ministro dos Negócios Estrangeiros, acompanhado dos seus jovens ministros. Com o engenho e a arte que todos lhe reconhecerão, Paulo Portas e o seu CDS estão empenhadíssimos em passar secos entre os pingos da chuva.

O candidato Portas, que na oposição vestia o papel de justiceiro porta-voz de polícias e militares, tomou lugar no Governo que entrará para o Guiness como aquele que, em apenas cinco meses, motivou o maior descontentamento e as maiores mobilizações de polícias e militares.

O candidato Portas, que em campanha eleitoral se chegou a apresentar de boné e samarra como futuro ministro da Agricultura, tenta esconder-se atrás da sua ministra, que dá por construídas barragens que ainda não saíram do papel.

O candidato Portas, que se comovia com reformados e velhinhos, é agora ministro do Governo que fala em actualizar as pensões mínimas, quando na verdade as corta, congelando-as no valor da inflação enquanto aumentam medicamentos, taxas moderadoras, rendas de casa, electricidade, gás, impostos nos bens essenciais e transportes públicos. Ora expliquem lá, senhores do CDS, como é que a actualização de 20 cêntimos por dia das reformas de 189 euros, ou de 23 cêntimos por dia nas de 227 euros, compensam tanto aumento?!

O candidato Portas, defensor das famílias – de preferência numerosas –

Como o PCP denunciou na discussão do OE, «o Governo cria o desemprego, a pobreza e a miséria em larga escala e depois finge compensar com o assistencialismo do chamado Programa de Emergência Social. Tira aos portugueses 2 mil milhões de euros em pensões e prestações sociais e põe dez vezes menos – 200 milhões – neste programa».

Como diz o povo, mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo. As mentiras, demagogias e frases feitas do CDS não resistem à brutal realidade da ofensiva que o pacto de agressão tenta impor ao povo e ao País e só merecem denúncia, condenação e luta.