Comunistas contestam novo governo grego
Foi com uma manifestação de protesto em Atenas que os comunistas gregos reagiram, dia 10, à formação de um novo governo de coligação, liderado por Lukas Papademos, ex-presidente do Banco Central Europeu.
O novo executivo de coligação, para além de membros do PASOK (sociais-democratas) e da Nova Democracia (conservadores), inclui também, pela primeira vez desde o derrubamento da ditadura em 1974, elementos do partido de extrema-direita LAOS (União Popular Ortodoxa).
O Partido Comunista Grego (KKE) apelou à oposição popular ao governo que resulta do «desejo da plutocracia grega e da UE» e constitui uma tentativa de «avançar ainda mais na ofensiva contra os trabalhadores e o povo».
Com efeito, a mudança de governo em nada altera a caótica situação económica do país, que tem sido agravada nos dois últimos ano por consecutivos pacotes de austeridade.
Os drásticos cortes dos salários, das pensões e outras prestações sociais, bem como do investimento público são as principais razões que explicam a queda do consumo privado das famílias, em 6,2 por cento, e do sector público em 8,5 por cento. A recessão económica instalou-se. Os números da Comissão Europeia indicam um recuo da economia de 5,5 por cento, este ano, tendência que se manterá em 2012 com nova quebra de 2,8 por cento.
Sem criar riqueza, a dívida grega irá atingir 163 por cento do PIB até Dezembro e aproximar-se-á dos 200 por cento no próximo ano. E dada a contínua quebra das receitas, as contas do Estado voltam a registar um défice de 8,9 por cento, bastante acima dos 7,6 anteriormente previstos. Tudo isto é um sinal claro para a massacrada população de que novos cortes sociais se avizinham. De resto, o novo primeiro-ministro já o explicitou: «O caminho não será fácil. Todos devemos contribuir para o difícil processo de ajuste da economia», disse Papademos ao sair do Palácio Presidencial onde tomou posse.
Dois dias antes, em conferência de imprensa, a secretária-geral do KKE, alertou que este governo «não é para algumas semanas», mas mesmo que o seja «tomará medidas que afectarão os padrões de vida e os direitos do povo durante pelo menos 10 ou 15 anos».