Cortes chegam à França

«Temos à nossa frente vários anos de esforço», disse o primeiro-ministro francês, François Fillon, ao apresentar, na segunda-feira, 7, um plano que prevê o aumento de impostos e cortes nas despesas de saúde e na segurança social.

Como explicou o governante, «para alcançar o défice zero até 2016, que é o nosso objectivo, será preciso economizar um pouco acima de 100 mil milhões de euros». Para tanto, o executivo gaulês vai aumentar a taxa reduzida do IVA de 5,5 para sete por cento, que só poupará os «bens de primeira necessidade», contando arrecadar 1800 milhões de euros no próximo ano.

Igualmente no plano fiscal serão aumentados em cinco por cento os impostos sobre as grandes empresas, cujo volume de negócios seja superior a 250 milhões de euros. A medida irá vigorar nos anos fiscais de 2011 e 2012 e deverá gerar 1100 milhões de euros de receita adicional em cada um deles.

O governo francês pretende ainda não actualizar segundo a inflação os escalões do IRS e do imposto especial sobre fortunas em 2012 e 2013, aumentando assim a base de incidência deste imposto. O executivo afirma que irá angariar 1700 milhões de euros desta forma.

Por outro lado, as prestações sociais terão uma actualização limitada a um por cento. Esta diminuição real, juntamente com cortes na despesa com a saúde, representará 1200 milhões de euros anuais. A isto acresce a antecipação para 2017 do novo regime de pensões previsto para 2018, que estabelece, entre outros, o aumento da idade da reforma.

Mostrando que o exemplo vem de cima, Fillon anunciou que o salário do Presidente (que aufere 19 mil euros por mês) e dos membros do governo será congelado até ser alcançado «o equilíbrio rigoroso das finanças públicas».

O objectivo é garantir a notação máxima das agências internacionais, numa altura em que a previsão do crescimento do PIB para 2012 foi revista em baixa, passando de 1,75 por cento para apenas um por cento. «Incumprimento já não é uma palavra abstracta», disse François Fillon.



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