Agressão imperialista à Líbia

Resistência dramática em Sirte

Tida como um dos mais simbólicos bastiões do anterior regime líbio, a cidade natal de Muammar Kahdafi enfrenta o avanço das forças do chamado Conselho Nacional de Transição (CNT), isto apesar do cerco e dos intensos bombardeamentos das últimas semanas.

Sirte e Bani Walid não dobram ante os novos senhores

Desde que o CNT, apoiado pela NATO, se lançou sobre Sirte e Bani Walid, derradeiros redutos das forças regulares líbias, que as informações sobre a situação no terreno se repetem. Imagens de mais uma nova ofensiva dos rebeldes parecem atestar o que se resume no texto da notícia que as acompanham: é desta que caem as últimas cidades controlados pelo regime deposto; é uma questão de dias.

A verdade é que as ofensivas das brigadas do CNT sucedem-se, e nem Sirte nem Bani Walid dobram ante os novos senhores. Consolida-se a sensação de que, não fossem os bombardeamentos diários da NATO os quais já superam os nove mil desde Março, sendo responsáveis pela maioria dos 25 mil mortos e 50 mil feridos admitidos pelo CNT durante todo o conflito –, e a amálgama de grupos desconexos que integram os insurgentes jamais conseguiria manter as ofensivas face a tão tenaz resistência organizada.

O que dizem os factos é que os grupos do CNT realizam sortidas no centro nevrálgico das cidades apostados apenas em dar a aparência de terem capacidade ofensiva. Depois recuam ante as evidências e a impotência para consolidar posições.

Em Bani Walid, por exemplo, no mesmo dia em que fizeram anunciar nos meios de comunicação social a tomada definitiva do aeroporto, os homens do CNT foram escorraçados.

Em Sirte, o cenário é mais complexo, mas o controle por parte do CNT das zonas limítrofes em todo o raio da cidade, garante-lhe capacidade para bombardear indiscriminadamente o coração da área urbana, como atestou o repórter da Telesur, Diego Marin, e testemunharam os responsáveis da Cruz Vermelha Internacional que lograram entrar na metrópole sitiada.

Permite-lhe, ainda, colocar atiradores furtivos em edifícios estratégicos com o objectivo de abater soldados ditos leais a Kahdafi, e impor um regime de asfixia total da vida na cidade, porventura a principal razão que pesará na sua eventual rendição. Por enquanto, Sirte bate-se contra a barbárie.

 

Calamidade provocada

 

A grave situação humanitária em Sirte é, aliás, um dos factos a salientar nos dias mais recentes da agressão imperialista à Líbia. Não obstante, advertências como as da Cruz Vermelha Internacional (CVI) pouco têm sido amplificadas.

Ao êxodo de milhares de pessoas que fogem das bombas da NATO, sucedeu a falta de medicamentos e as severas dificuldades na assistência médica aos feridos, diz a CVI. A situação precária dos hospitais de Sirte resulta igualmente da sua devastação por bombardeamentos da NATO, que, asseguraram responsáveis da organização humanitária internacional, arrasaram a capacidade de resposta das infra-estruturas, fazendo com que feridos e doentes com francas hipóteses de sobrevivência sucubam à falta de energia eléctrica, água ou oxigénio.

É a própria Comissão Europeia que refere as «graves carências» que afectam a população de Sirte, ao passo que a ONU apela ao fim das vinganças contra os leais a Kahdafi por parte de milicianos do CNT.

Neste contexto, o jornalista da Telesur relatou que num hospital de Sirte, controlado pelo CNT, os combatentes chamados de pró-Kahdafi pura e simplesmente não são assistidos. Agências internacionais afirmam que muitos dos que saíram de Sirte não levavam documentos com medo de represálias.

 

«Verdades» suspeitas

 

Amplificadas, pelo contrário, têm sido as histórias de fossas comuns como «provas irrefutáveis» da barbaridade do anterior regime. A última foi a descoberta de duas valas com um total de 900 corpos nas montanhas de Naflusa. O caso carece de peritagem, e é bom que esta avance e de forma séria, pois a região foi ocupada, nos últimos seis meses, por grupos afectos ao CNT.

Mas o caso mais chocante e que não se pode aceitar que acabe sem cabal apuramento, até pelo mediatismo que a história alcançou, é o da fossa comum descoberta em Tripoli, perto da prisão de Abu Salim.

Durante dias, os 1700 corpos encontrados provavam os crimes de Kahdafi, até que, segundo a jornalista italiana Marinella Correggia, o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos do CNT, Jamal Ben Noor, garantiu à norte-americana CNN que tudo não passava de uma trapalhada. «Os fragmentos de ossos encontrados são demasiado grandes para que pertençam a seres humanos», afirmou.



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