Novos ataques aos transportes públicos
Num comunicado de 30 de Setembro do sector dos transportes de Lisboa do PCP, denuncia-se a publicação em dois jornais de outras tantas «ridículas peças de propaganda contra as empresas públicas» de transporte de passageiros. Nelas, i e Diário Económico esconderam os «mais de 100 milhões de euros roubados às empresas públicas» através da errada distribuição das verbas provenientes dos passes sociais, ao mesmo tempo que ocultaram que a sua dívida «resultou em grande parte de terem sido elas a pagar todo o investimento dos últimos dez anos».
Os dois jornais «esqueceram» ainda os «escandalosos salários e mordomias dos administradores» e a «promiscuidade mafiosa entre os grupos capitalistas e os seus representantes políticos». Em suma, acusa o PCP, ambos ocultaram as «verdadeiras razões da situação financeira das empresas públicas». Mas não se limitaram a esconder, pois também mentiram – ao colocarem em título que os trabalhadores da Carris têm direito a barbeiro ou que a irmã solteira de um ferroviário pode andar de comboio ser pagar. Isto demonstra o «carácter de instrumento de propaganda em que estes “jornais” se transformaram».
Os comunistas chamam ainda a atenção para o facto de as referidas «notícias» terem sido publicadas precisamente no dia em que a troika nacional – PS, PSD e CDS – chumbava na Assembleia da República o projecto de resolução apresentado pelo PCP que determinava a alteração da distribuição das receitas do passe social. O objectivo era, como o próprio Tribunal de Contas recomendou, «acabar com um desvio de receitas públicas para as rodoviárias privadas, que vindo desde 1991, prejudica neste momento em mais de 12 milhões de euros por ano o Metropolitano de Lisboa».
Com a «silenciosa cumplicidade de uma comunicação social dominada, os responsáveis pela intencional degradação da situação financeira das empresas públicas de transporte» podem continuar os seus «crimes», denuncia o PCP.
Também no dia 30, foi rejeitado um outro projecto de resolução do PCP, que visava uma «profunda alteração no financiamento» do Metro do Porto, de forma a permitir o relançamento da segunda fase da rede, incluindo a sua extensão à Trofa. PSD e CDS chumbaram as propostas, impedindo assim a superação dos «enormes problemas de mobilidade que persistem» na região.
O PS deu o acordo à integração da linha da Trofa na segunda fase, mas absteve-se na votação das medidas que apontavam soluções para os problemas de financiamento. Os três continuam, assim, a «enganar o povo», acusa o PCP, lembrando as promessas eleitorais dessa troika.