Lutar agora para construir o futuro
Passado o momento eleitoral, a poeira da demagogia e da ocultação da verdade, por parte dos partidos do sistema capitalista, sobre o que vai acontecer aos portugueses e a Portugal com a aplicação das medidas impostas pela troika estrangeira FMI/BCE/UE e apoiadas pela troika nacional PS, PSD e CDS-PP, já começa a assentar.
Não somos parte do sistema capitalista. Lutamos pela sua liquidação
A mistificação feita pelos comentadores e analistas políticos ao serviço da grande burguesia acerca do estado das nossas contas públicas, apresentando como inevitável o chamado empréstimo «amigo» para salvar Portugal – escondendo sempre quem eram os responsáveis por tal situação e que há outras alternativas – criou o ambiente necessário a uma outra inevitabilidade. Ou seja, os mesmos que provocaram a crise eram inevitavelmente os mesmos que estavam em condições de a resolver, pelo simples facto de os media dominantes e dominados pelos interesses da grande burguesia terem decidido previamente que assim tinha de ser.
Não era, aliás, de esperar outra coisa por parte daqueles que não vêem, porque não podem ver – pois existem, servem e exercem o poder para defender e salvar o capital –, que existem outras soluções para atacar os problemas com que o País se confronta, já que eles e a sua política antidemocrática, anti-social e antipatriótica são causa e efeito da situação a que os que vivem do seu trabalho e das suas reformas e pensões e o País chegaram. Ao contrário do que o poder da grande burguesia quer fazer crer, os trabalhadores e o povo não são masoquistas e se conhecessem em toda a sua dimensão o que de verdadeiramente PS, PSD e CDS-PP assinaram com a troika estrangeira não teriam dado o seu voto a estas forças.
Ninguém em seu juízo perfeito vota para ser despedido, para ver reduzido o seu salário, pensão ou subsídio de desemprego, para ser roubado em 50 por cento do subsídio de Natal, para ver aumentadas as taxas moderadoras na Saúde, o gás e a electricidade, e destruído o SNS e a escola pública, entre tantas e tantas malfeitorias.
Eles esconderam tudo isto do povo, só que a realidade é mais forte e por mais propaganda que façam, todas as suas teses e mistificações vão cair por terra quando o povo for confrontado com a nua realidade do ataque que lhe vai ser movido. Não há que ter dúvidas (e nós PCP não temos) que com a aplicação da receita imposta pelos representantes do grande capital estrangeiro e aceite pelos paus-mandados do grande capital nacional, vão chover autênticos pedregulhos em cima da cabeça dos que menos têm e menos podem – que, mais cedo do que tarde, se erguerão num combate sem tréguas. O Partido Comunista Português lá estará, como sempre esteve, ao seu lado para defender os seus direitos duramente conquistados ao longo de muitas décadas de sacrifício, trabalho e luta.
Lutamos pelo socialismo
A ofensiva global do capitalismo, sistema velho e caduco, assente na mais vil exploração de quem trabalha, conhece hoje contornos altamente perigosos. No caso português, – onde houve uma Revolução e se produziram, por força da luta das massas e sempre com o apoio do PCP, profundas transformações políticas, económicas e sociais e avanços civilizacionais, sem que o povo tomasse o poder e onde o processo contra-revolucionário conduzido pelo PS, PSD e CDS já dura há 35 anos e tem produzido profundos recuos –, visam destruir por completo o regime democrático que é inseparável dos direitos dos trabalhadores e do povo consagrados na Constituição da República. Esta tem como protagonistas pessoas que, independentemente da sua idade, eficiência e capacidade, representam os interesses da classe dominante – a grande burguesia – e não olham a meios para atingir o seus fins.
Tal realidade faz, ela própria, um risco na areia, colocando de um lado a grande burguesia nacional, os seus partidos e organizações de classe como a CIP, a CAP, a CCP e os sindicatos fantoches como a UGT; e do outro os trabalhadores, o povo e o seu Partido de classe – o PCP – e as suas organizações unitárias, como a CGTP-IN e muitas outras que representam sectores e classes atingidas pela fúria da concentralização e centralização capitalistas.
O que hoje está em causa é o nosso futuro colectivo, é a própria essência do regime democrático, a soberania, a independência nacional. Por isso, que ninguém espere do PCP qualquer contenção na mobilização popular em nome da «salvação do País», expressão e conceito que vindo de quem vem apenas serve para encher os bolsos a uns poucos e retirar à maioria. Sim, os comunistas portugueses querem salvar o País da gula do capital e tomaram a opção de defender em primeiro lugar as vítimas da exploração, que tudo criam e nada têm.
Nós, comunistas portugueses, somos fundadores do regime democrático e somos a principal força que tem lutado em sua defesa. Mas não somos nem parte nem defensores do desumano sistema capitalista. Lutamos sim pela sua liquidação. Lutamos por uma política patriótica e de esquerda, uma democracia avançada baseada nos princípios e valores da Constituição. Lutamos pelos trabalhadores e pelo povo. Lutamos pelo socialismo.