Grande força de combate
As organizações do Partido aos mais variados níveis estão a analisar os resultados das eleições legislativas e a preparar a sua intervenção para os próximos meses.
O reforço da CDU dá mais força à luta que é preciso travar
Foram já várias as estruturas do PCP que reuniram para examinar os resultados das eleições de 5 de Junho, sendo unânimes na consideração de que a votação alcançada pela coligação e o reforço do grupo parlamentar do PCP é um estímulo para prosseguir e intensificar o combate contra a política de direita – agravada agora pelo programa da troika, assinado por PS, PSD e CDS – e por uma política patriótica e de esquerda.
Em Beja, a Direcção da Organização Regional do PCP, reunida no dia 13, considerou «positivo o facto de a CDU ter eleito um deputado» pelo distrito, salientando que continuará a ser uma voz que «defende na Assembleia da República os interesses e as aspirações dos trabalhadores e do povo». Mantendo-se como a segunda força política mais votada no distrito, a CDU alcançou em Beja a sua mais elevada percentagem nacional, «apesar de uma diminuição de votos em relação às eleições de 2009».
A deslocação de votos para a direita, num cenário de «falsa bipolarização», a redução do número de eleitores inscritos e a elevada abstenção, que foi ali mais elevada do que a média nacional, poderão explicar estas perdas de votos.
Em Évora, o órgão de direcção distrital reuniu no dia 8 e salientou a manutenção «no fundamental» do eleitorado da CDU, pese embora ligeiras quebras de votação e de expressão eleitoral. A eleição de um deputado e o facto de ter sido a força mais votada em quatro concelhos e num terço das freguesias faz deste um «resultado para valorizar».
Os comunistas de Évora salientam ainda que o PS obteve o pior resultado dos últimos 20 anos no distrito e que o BE perdeu cerca de 60 por cento do seu eleitorado no distrito – rejeitando que este facto sirva para que comentadores e comunicação social se apresse a desvalorizar o resultado da CDU ao proclamar-se a «perda dos partidos “à esquerda do PS”».
No distrito de Setúbal, «com a eleição de quatro deputados, o resultado obtido constitui uma inequívoca consolidação da expressão eleitoral que nos últimos anos, eleição após eleição, a CDU vem registando», salienta a Direcção da Organização Regional de Setúbal na sequência da sua reunião de dia 8. A DORS regista ainda os mais de 82 mil votos obtidos, afirmando que significam um «apoio e um sólido factor de ânimo à luta futura que os trabalhadores e o povo serão chamados a travar».
Já a votação alcançada pelo PSD e pelo CDS – e também pelo PS – resulta «do que falsamente prometeram, porque iludiram e enganaram os eleitores, escondendo o memorando que subscreveram com a troika e as suas gravosas medidas».
Crescer e consolidar
Mesmo onde não conseguiu eleger qualquer deputado, a CDU cresceu e consolidou a sua votação. Num comunicado emitido no dia 6, o Secretariado da Direcção da Organização Regional de Portalegre do PCP considera que a votação no distrito expressa a «consolidação da CDU como terceira força política» e uma percentagem de votos que a mantém em «crescimento de influência junto das populações e em particular junto das novas gerações». A coligação PCP-PEV obteve 12,8 por cento dos votos e foi a força mais votada em Avis, com a maior percentagem de votos na CDU a nível nacional, com 43 por cento.
Em Coimbra, a CDU viu aumentada a sua expressão eleitoral (de 5,8 para 6,2 por cento) e o número de votos, crescendo em 11 dos 17 concelhos do distrito. A Direcção da Organização Regional do Partido, reunida no dia 9, valorizou a «campanha de massas» desenvolvida pela CDU e os muitos contactos realizados em empresas e em locais de grande concentração de trabalhadores.
Também em Aveiro a CDU cresceu – mais de cinco por cento da sua massa eleitoral, alcançando 15 729 votos, mais 754 do que em 2009 e mais 1935 do que em 2005. É o terceiro crescimento consecutivo alcançado pela CDU no distrito em eleições legislativas. Já PSD e CDS «cresceram em resultado do descrédito do PS e da mistificação das suas responsabilidades reais na política de direita», afirma a DORAV, reunida no dia 11.
José Decq Mota, primeiro candidato da CDU pela Região Autónoma dos Açores, adiantou uma primeira reacção aos resultados logo na noite de dia 5 salientando que também na região a coligação sai reforçada como «força de combate».
CDU elegeu um deputado por Faro 20 anos depois
Vitória da persistência
No Algarve, considerou-se que a eleição de um deputado do PCP pelo distrito de Faro, vinte anos depois da sua perda, é uma «vitória dos trabalhadores e do povo do Algarve e simultaneamente uma vitória da persistência, da dedicação e da coerência». Para a DORAL, reunida no dia 8, a eleição de Paulo Sá e o reforço da votação e da percentagem da CDU na região, constituindo um «elemento de reconhecimento da sua persistente intervenção», significa sobretudo um «reforço da responsabilidade do PCP e da sua acção».
No seu comunicado, a DORAL esclarece que, ao contrário do que alguns órgãos de comunicação social e comentadores afirmaram, a CDU elegeria o deputado por Faro mesmo sem o aumento do número de deputados eleitos pelo Algarve verificado para este escrutínio.
No distrito de Braga, a CDU também cresceu em termos absolutos (mais 694 votos do que em 2009) e relativos, passando de 4,6 para 4,9 por cento. Tal como noutras regiões, este resultado da CDU representa uma «importante afirmação de uma força que cresce consecutivamente desde 2002». O deputado Agostinho Lopes foi uma vez mais eleito.
No Porto, os comunistas fizeram um primeiro comentário numa breve nota publicada no sítio da Internet da DORP. Aí afirma-se que o crescimento de mais de 4200 votos «representa o reforço do combate pela defesa dos direitos dos trabalhadores, da juventude e dos interesses populares da região e do País».
Moita, Seixal e Barreiro
Contributo decisivo
A CDU foi a força mais votada no concelho da Moita, com mais 400 votos do que o PS. Para a comissão coordenadora da CDU no concelho, este resultado revela que a população «valoriza cada vez mais a acção política do PCP e do PEV em defesa dos trabalhadores e das populações». Mas mostra também que o eleitorado quis «penalizar o PS por muitas das suas posições e acções políticas erradas tanto a nível nacional como local.
A coordenadora afirma ainda que para fazer frente à desvalorização e silenciamento da sua mensagem e a «ilegítimas pressões e mentiras» a CDU «centrou a campanha eleitoral no esclarecimento da grave situação do País, tendo mobilizado vontades e energias que contribuíram para uma maior consciência da necessidade de uma política alternativa patriótica e de esquerda».
O Secretariado da Comissão Concelhia do Seixal do PCP salientou, no dia 9, o aumento do número de votos na CDU e o facto de a coligação ter sido a força mais votada nas freguesias do Seixal e de Paio Pires. No Barreiro, destacou o Secretariado da Comissão Concelhia, a CDU foi igualmente a força mais votada em duas freguesias, Barreiro e Palhais, sendo que em Coina e em Santo André ficou a escassos oito e 40 votos de o ser também. Segundo este organismo, a votação obtida no Barreiro foi fundamental para defender o quarto deputado da CDU pelo distrito.
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Correcção
Por lapso, na edição passada do Avante! o primeiro parágrafo do comunicado do Comité Central continha um erro, no caso uma palavra a mais. É esta a redacção correcta desse parágrafo:
«O resultado obtido pela CDU constitui um novo e estimulante sinal do sentido do crescimento que nos últimos anos a CDU vem registando em eleições legislativas. Este resultado – traduzido no aumento, ainda que ligeiro, da sua expressão eleitoral (de 7.86 para 7.94) e do número dos seus deputados (de 15 para 16) com a eleição de um deputado pelo círculo de Faro, onde há mais de 20 anos a CDU não elegia – constitui um factor de inegável significado quanto a um mais alargado reconhecimento da acção, das propostas e do papel do PCP e dos seus aliados na vida política nacional.»
Aos leitores as nossas desculpas.