Um milhão (I)
Vem nos jornais, citando directamente o Instituto Nacional de Estatística (INE): o número de desempregados em Portugal aproximou-se dos 700 mil nos três primeiros meses do ano, com um pormenor. Se a esses 689 mil desempregados (número exacto) acrescentarmos os 204 mil que estão contabilizados como «inactivos» - ou seja, que têm condições para trabalhar mas deixaram de procurar emprego -, então esse número oficial do INE sobe para uns astronómicos 892 mil desempregados.
Ou seja 900 mil. O que é o mesmo que dizer um milhão de desempregados neste momento no nosso País, pois há também que contar com os que já não estão referenciados (nem procuram quaisquer «referências») onde quer que seja.
Para um País que tem à volta de seis milhões em idade activa, é obra...
Quanto à percentagem oficial deste desemprego, já está no valor recorde de... 12,49%.
Um milhão (II)
Também atingem o número «redondo» de um milhão os trabalhadores que, em Portugal, já são forçados a cumprir horários de trabalho que ultrapassam as 41 horas semanais. Aliás, está quantificado que nos últimos tempos aumentou 25% o número de pessoas que se viram coagidas a «dar» mais horas por semana nas suas jornadas de trabalho. Tudo em nome da «crise», evidentemente. E com perdas de regalias, vencimentos e direitos. E aumento – sempre e sempre – dos lucros do patronato.
Mas esses não são públicos nem aparecem em nenhumas contas – também evidentemente.
Perdas
Enquanto o País anda entretido com os espectáculos da campanha eleitoral, as dificuldades espalham-se por todo o lado, como gigantesca mancha de azeite, assomando às primeiras páginas com notícias negras. Por exemplo, que «a crise» está a forçar instituições de solidariedade social a despedirem trabalhadores e a cortar serviços, a par de creches, jardins-de-infância e centros-de-dia a sobreviverem com dificuldades crescentes em cada dia que passa, enquanto o Estado já perdeu (ou seja, «dispensou» a bem ou a mal) oito mil trabalhadores só este ano.
Isto é ainda sem os azorragues que estão a ser ultimados pela troika, e que o «trio dos serventuários» se prepara para tentar obrigar o povo e o País a cumprirem.
Parados
É o próprio Ministério Público da Madeira quem o diz: há dezenas de processos judiciais «parados» na Região Autónoma da Madeira pela linear razão de que... o PSD não levanta a imunidade parlamentar de deputados e governantes regionais que pertençam ao partido maioritário, embora sejam réus indiciados nesses processos.
Mas, deputados regionais de outros partidos já vêem essa imunidade parlamentar levantada... pelos mesmos «maioritários» do PSD, o que parece não escandalizar ninguém, a começar no Presidente da República, apesar de ser o mais Alto Magistrado garante do regular funcionamento das instituições, continuando no Governo, que prefere as farroncas à defesa da legalidade do Estado e acabando no PSD, que assobia para o lado enquanto fala em «mudar o País».
Deve ser uma mudança para... o «estilo da Madeira», de Jardim.