Temos muito para dizer
Por razões diversas, as propostas do PCP e da CDU presentes nesta batalha eleitoral assumem uma importância acrescida que talvez não se tenha sentido desta forma noutras eleições.
«Os trabalhadores e o povo juntos têm uma forma imensa capaz de dar a volta a isto, travar a ofensiva, derrotar este pacto ilegítimo»
No diálogo com os trabalhadores, com a juventude, com as massas, que estamos a levar por diante no âmbito da campanha «Um milhão de contactos», nas iniciativas de debate, acções de rua ou sessões de esclarecimento que estão em curso por todo o país, nos comícios e grandes iniciativas, sente-se uma grande necessidade e apetência por conhecer as nossas posições, propostas e projecto.
Corresponder a este sentimento, armar os nossos militantes, os activistas e apoiantes da CDU, para que cada um se sinta capaz de ouvir, de esclarecer e mobilizar outros para a luta e para o voto, pode dar um importante contributo para estas eleições e para o futuro.
Razões para ir mais longe no esclarecimento
Para assegurar os seus interesses, as classes dominantes recorrem a muitos dos poderosos instrumentos de que dispõem e controlam – aparelho de Estado, meios de produção, comunicação social, organizações e instituições diversas – e prepararam-se para esta batalha com dois objectivos imediatos: impor o pacto de submissão e agressão que PS/PSD/CDS desenharam com o FMI e a União Europeia; garantir que será com esses partidos que, após as eleições, esse mesmo pacto se concretizará perdurando assim a política que os serve.
Jogam por isso tudo na desinformação, na superficialidade, no medo, na mentira. Escondem responsabilidades quando dizem que «todos são iguais», iludem a realidade quando falam em «eleições para primeiro-ministro», amedrontam o povo quando clamam que «não há dinheiro», mentem quando falam de «ajuda externa» e reincidem mil vezes na mentira sempre que invocam as «inevitabilidades» do costume.
E estranho seria que, neste ambiente, neste quadro ideológico que tem décadas ou mesmo séculos, os trabalhadores e o povo descortinassem tudo a quanto estão sujeitos e condicionados, e não mesmo reproduzissem os argumentos de quem os explora. Mas, apesar de tudo, as pessoas ouvem-nos!
As pessoas ouvem-nos
Ouvem-nos porque falamos de injustiças. Porque sentem na pele que para lá da propaganda está uma vida cada vez mais difícil, porque há menos salário, porque fecharam o centro de Saúde, porque cortaram o abono de família, porque o filho está desempregado.
Ouvem-nos porque ninguém consegue justificar como é que perante tantos sacrifícios os bancos continuam a ter tanto lucro, pagando cada vez menos impostos e pondo-se na fila para receber a quantia maior dos 78 mil milhões de euros do dito empréstimo.
Ouvem-nos porque relembramos que em vez da terra do pão e do mel que com a CEE e o Euro nos prometeram, aquilo que temos hoje é um país cada vez mais periférico e colonizado e um nível de vida cada vez mais distante dos restantes países da UE.
Ouvem-nos porque falamos na produção nacional, na agricultura, na indústria e nas pescas. Porque lembramos que Portugal não é um país pobre, que só produzindo mais é que poderá dever menos, e criar emprego, e combater a desertificação e o abandono, e desenvolver o País, e ter futuro.
Ouvem-nos porque pomos o dedo na ferida da fuga ao fisco, do branqueamento de capitais, da corrupção, de um sistema fiscal e uma justiça cada vez mais feitos à medida dos interesses dos ricos e poderosos. Porque dizemos que é preciso ir buscar o dinheiro aonde ele está e não aos trabalhadores, aos reformados e pensionistas.
Ouvem-nos porque falamos em melhores salários e pensões para ter uma vida digna, para combater as injustiças, mas também para dinamizar a própria economia, aumentando o consumo interno e o escoamento da produção que se quer nacional.
Ouvem-nos porque não pode ser privado aquilo que faz falta a todos. As escolas, os hospitais, a água, mas também, a energia, as estradas, os transportes, os bancos, bens e serviços necessários que devem estar ao serviço do bem comum e não dos interesses de alguns.
Ouvem-nos porque dizemos que o País não aguenta mais empréstimos, com taxas de juro que são um roubo aos recursos nacionais. Porque demonstramos que depois do FMI/UE o País estará ainda pior e que, por isso, é urgente negociar agora a dívida – juros, prazos, montantes – de modo a garantir crescimento económico e emprego.
Ouvem-nos ainda porque nos conhecem de muitas outras lutas, e também de outras batalhas eleitorais. Sabem que aqui mora gente séria, comunistas, ecologistas, democratas e patriotas, os homens e as mulheres da CDU que conhecem da fábrica, do serviço, da rua, do sindicato, da colectividade.
Ouvem-nos porque dizemos que quem manda é o povo. Que não são as sondagens, os comentadores, as televisões que decidem o resultado das eleições. Que os trabalhadores e o povo juntos têm uma força imensa, capaz de dar a volta a isto, travar a ofensiva, derrotar este pacto ilegítimo, abrir caminho a outra política e a outro governo, patriótico e de esquerda.
Nestas eleições, temos muito para dizer ao nosso povo. Vamos a isso então!