Soluções «high-cost»
O país precisa de exportar mais, dizem-nos os troikistas de serviço. É uma meia-verdade, pois nós o que precisamos é de produzir mais, única medida que permite a tripla consequência de substituir importações, exportar mais e aumentar o consumo interno. Mas os troikistas só metralham na necessidade de exportar mais.
Mas mesmo esta troika solução é um mero slogan, destinado a dar um ar científico à necessidade dos capitalistas de reduzir o preço do factor trabalho, que é o troiko eufemismo para cortar a eito nos salários e direitos dos trabalhadores e concretizar essa original e moderna medida de intensificar a exploração para aumentar os lucros.
Uma medida é particularmente elucidativa desta verdade: a troika imposição da venda do maior exportador nacional – a TAP. É que a TAP, por muito que os troikos jornalistas (aqueles cujo salário são 30 moedas de prata) falsifiquem a realidade da empresa, é não só uma empresa lucrativa como representou o ano passado 1,4 mil milhões de euros de exportações para o País!
E como eles são troikos mas não são tontos, sabem muito bem que todas as companhias aéreas europeias que foram privatizadas foram igualmente destruídas no processo de concentração monopolista em curso no sector a nível europeu! Ou seja, sabem muito bem que a privatização da TAP é o fim desta TAP.
E como se propõem os troikistas resolver esta estranha equação? Com uma matemática simples, onde 1+1 são 2+0, só que o 2 vai para a Alemanha e o zero fica por cá: além de destruir a TAP, incentiva-se as companhias estrangeiras de «low-cost» (lembramos que o verbo incentivar, na troika linguagem, tem dois sentidos – aplicado aos trabalhadores significa reduzir salários e direitos para obrigar a; aplicado aos capitalistas significa dar dinheiros públicos para que).
É preciso ser um grande troikista para perceber a clareza desta política: para exportar mais vendemos o maior exportador nacional, passamos a financiar a actividade das companhias estrangeiras e abdicamos de mais uma parcela da soberania nacional e do nosso aparelho produtivo.
Esta política é um desastre para Portugal – mas alguém naquele troiko conluio está preocupado com Portugal?