PCP critica cortes na Saúde e alerta

Carências afectam serviços

O PCP voltou a criticar os cortes na área da Saúde, advertindo que uma tal medida «não pode fazer-se sem prejuízo do funcionamento dos serviços».

Assiste-se mesmo a uma «sistemática situação de carência nos serviços de Saúde e em particular nos hospitais», asseverou o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, em debate sobre o tema suscitado pela sua bancada na reunião da comissão permanente da AR realizada fez ontem uma semana.

Foram vários os exemplos dados que atestam esta realidade, às vezes de materiais básicos como gazes, fraldas ou leite especial para os bebés nas maternidades. «Materiais que vão faltando e que vão sendo pedidos informalmente aos utentes, convidando-os, podendo, a trazer o medicamento, o leite especial, a resolver esta ou aquela questão…», assinalou o presidente da bancada comunista.

Por si registado foi ainda, por outro lado, o surgimento e avanço, «de uma forma ou outra», perante a «resistência dos profissionais», de ideias subliminares como a de que «é preciso se calhar não passar certos exames, se calhar não podemos passar certos medicamentos, se calhar não podemos avançar com certo tipo de tratamentos».´

Daí que o corte de 15 por cento nas despesas dos hospitais públicos seja duramente verberado pelo PCP, por entender que se trata de uma redução que acaba por afectar o funcionamento dos serviços.

Mais inadmissível, ainda, se se tiver em conta, como foi lembrado, que o Governo que corta estes 15 por cento é o mesmo que fez o acordo com a indústria farmacêutica que permite que esta não baixe, como estava obrigada por lei, os preços dos medicamentos.

Em face deste panorama, para a bancada comunista – e este era o objectivo central do debate –, tratava-se de perceber e obter do Governo um esclarecimento cabal quanto à verdadeira situação dos hospitais no País, saber qual a exacta dimensão da situação de carência de materiais de funcionamento clínico e outros, disponibilização de medicamentos, entre outros aspectos.

«Que isso não está a acontecer», era a resposta taxativa que o PCP pretendia ouvir mas que em rigor não obteve.

É que o secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, na resposta, limitou-se de forma ambígua a dizer que o seu Ministério não dispunha de «nenhuma informação factual de falta de medicamentos, de dispositivos técnicos, nem conhecimento de nenhum pedido de fraldas ou medicamentos», à excepção de um único caso, o hospital de Cascais, o qual, disse, está a ser investigado. Fora isto, o discurso resumiu-se a um auto-elogio em torno do que chamou as reformas na Saúde. Tudo o mais, ficou por esclarecer. Como por exemplo a circunstância de que sempre que o Governo deixa os hospitais acumular dívidas aos fornecedores, por falta de verbas, isso significar que estes a prazo deixarão de fornecer os respectivos materiais.

Mas esse é um facto que parece não preocupar o Governo.



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