Grécia afunda-se na recessão

Austeridade agrava crise

Após mais de um ano de odi­osas me­didas an­ti­po­pu­lares, que já pro­vo­caram 14 greves ge­rais, cen­tenas de ma­ni­fes­ta­ções e pro­testos quase diá­rios em di­fe­rentes sec­tores, a Grécia afunda-se na re­cessão eco­nó­mica e os co­fres do Es­tado estão cada vez mais va­zios.

A eco­nomia grega re­grediu 4,5% em 2010

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As re­ceitas da União Eu­ro­peia e do Fundo Mo­ne­tário In­ter­na­ci­onal im­postas à Grécia estão a ter re­sul­tados ca­tas­tró­ficos sob qual­quer ponto de vista. Em 2010 a eco­nomia re­grediu 4,5 por cento, a in­flação dis­parou para 5,2 por cento (Ja­neiro pas­sado), os ren­di­mentos mé­dios da po­pu­lação bai­xaram nove por cento e o de­sem­prego galgou para 12,9 por cento, atin­gindo os 34 por cento na ca­mada etária até aos 25 anos.

Se­gundo as pre­vi­sões da cen­tral sin­dical GSEE, o de­sem­prego irá con­ti­nuar a au­mentar po­dendo atingir até ao final deste ano 22 por cento da po­pu­lação ac­tiva.

Como era de prever, os su­ces­sivos pa­cotes de aus­te­ri­dade, im­pondo a re­dução dos sa­lá­rios dos fun­ci­o­ná­rios pú­blicos, drás­ticos cortes nas des­pesas so­ciais e um brutal au­mento da carga fiscal mais não fi­zeram do que con­trair o con­sumo das massas e dessa forma agravar a si­tu­ação da eco­nomia cada vez mais mo­ri­bunda.

Ao mesmo tempo, em­bora tenha re­du­zido o dé­fice em seis pontos per­cen­tuais à custa da re­dução da des­pesa, o go­verno so­cial-de­mo­crata do PASOK con­tinua a braços com um dé­fice pú­blico ele­vado, que faz au­mentar a cada dia que passa a enorme dí­vida do país.

Na área do pró­prio par­tido go­ver­nante surgem vozes a pedir a re­visão e a re­es­tru­tu­ração da dí­vida grega. Sofia Sa­ka­rofa, de­pu­tada ex­pulsa do PASOK por se ter re­cu­sado a votar a in­ter­venção do FMI e da UE, de­fende a cri­ação de uma co­missão de au­di­tores, com a par­ti­ci­pação de pe­ritos in­ter­na­ci­o­nais, para exa­minar a dí­vida do Es­tado e ve­ri­ficar a exis­tência de ir­re­gu­la­ri­dades, na base das quais se possa con­testar o seu pa­ga­mento.

Face à au­sência de re­sul­tados, a troika com­posta pelo FMI, Co­missão Eu­ro­peia e Banco Cen­tral Eu­ropeu exigiu, em Fe­ve­reiro úl­timo, ao go­verno de Pa­pan­dreu a in­ten­si­fi­cação das «re­formas» e o alar­ga­mento do plano de pri­va­ti­za­ções de modo a re­a­lizar um en­caixe de 50 mil mi­lhões de euros até 2013, dos quais mil mi­lhões já este ano.

Uns dias de­pois, o mi­nistro das Fi­nanças, Gue­orgui Pa­pa­cons­tan­tinou, apre­sentou um vasto pro­grama de pri­va­ti­za­ções que in­clui portos, ae­ro­portos, ca­mi­nhos-de-ferro, elec­tri­ci­dade e até mesmo praias tu­rís­ticas do país.

Mas en­quanto anuncia a venda do país por ata­cado e con­dena o seu povo à mi­séria, o go­verno do PASOK con­tinua a manter um ele­vado nível de des­pesas mi­li­tares, de­cor­rente, muito em par­ti­cular, da compra de fra­gatas e he­li­cóp­teros à França e sub­ma­rinos à Ale­manha.

Se­gundo o Ins­ti­tuto In­ter­na­ci­onal de Es­to­colmo para a In­ves­ti­gação da Paz (SIPRI), a Grécia é o país eu­ropeu com mai­ores gastos mi­li­tares em pro­porção com o seu Pro­duto In­terno Bruto, fi­gu­rando entre os dez prin­ci­pais com­pra­dores de armas do mundo.

Mas, ao que se cons­tata, ne­nhum destes su­ma­rentos con­tratos mi­li­tares foi sus­penso ou anu­lado no mo­mento ou a se­guir à in­ter­venção fi­nan­ceira da UE e do FMI. Pelo con­trário, como es­cla­receu o Mi­nis­tério da De­fesa francês, em Maio de 2010, ne­nhuma das res­tri­ções or­ça­men­tais im­postas à Grécia de­veria afectar as aqui­si­ções de ma­te­rial mi­litar pre­vistas pelo Mi­nis­tério da De­fesa grego.



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