Mostrou-se em Lisboa a luta nas empresas

Produção e justiça!

Na pré-con­cen­tração do sector pri­vado, des­ta­caram-se as exi­gên­cias de cri­ação de mais ri­queza, com base na pro­dução na­ci­onal, e da sua justa dis­tri­buição, cri­ando em­prego, res­pei­tando os di­reitos dos tra­ba­lha­dores e va­lo­ri­zando os sa­lá­rios.

A ri­queza deve re­verter para os tra­ba­lha­dores e o País

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Du­rante duas horas, do Sal­danha até ao Marquês, correu um forte aflu­ente para o rio de in­dig­nação e pro­testo que iria de­sa­guar nos Res­tau­ra­dores. Pela Ave­nida Fontes Pe­reira de Melo, des­fi­laram mi­lhares de tra­ba­lha­doras e tra­ba­lha­dores de sec­tores não con­si­de­rados como Ad­mi­nis­tração Pú­blica – os trans­portes de terra, mar e ar, os Cor­reios, o co­mércio, a ho­te­laria e res­tau­ração, pes­ca­dores e con­ser­veiras, a in­dús­tria têxtil e de ves­tuário, a cons­trução civil, os vi­dreiros, as cor­ti­ceiras e os cor­ti­ceiros, ban­cá­rios e pes­soal dos se­guros, as in­dús­trias da me­ta­lurgia, da quí­mica, eléc­tricas.

Às 17.15 horas, quando este úl­timo grupo pas­sava no cru­za­mento com a vazia Ave­nida An­tónio Au­gusto Aguiar (o trân­sito ficou cor­tado em todas as ar­té­rias ad­ja­centes ao per­curso da grande ma­ni­fes­tação da CGTP-IN), já a Lusa dava conta de que a Praça dos Res­tau­ra­dores es­tava cheia.

Esta «pré-ma­ni­fes­tação» foi en­ca­be­çada por di­ri­gentes da CGTP-IN e de uniões dis­tri­tais, ori­gi­ná­rios de sin­di­catos destes sec­tores. Se­guia-se um nu­me­roso grupo de jo­vens, iden­ti­fi­cados com a In­ter­jovem, fo­cando a men­sagem no com­bate à pre­ca­ri­e­dade, ao de­sem­prego e aos sa­lá­rios baixos, mas in­cluindo também ob­jec­tivos mais es­pe­cí­ficos (como o com­plexo tu­rís­tico de Vale do Lobo ou os fer­ro­viá­rios).

Às di­fe­rentes ge­ra­ções de tra­ba­lha­dores do «pri­vado» jun­taram-se re­for­mados, co­mis­sões de utentes de saúde e de trans­portes, an­tigos tra­ba­lha­dores da Em­presa Na­ci­onal de Urânio, uma de­le­gação do Mo­vi­mento De­mo­crá­tico de Mu­lheres e, já «fora» do des­file, al­guns grupos menos nu­me­rosos, iden­ti­fi­cados com ou­tras es­tru­turas.

A exi­gência de «mais em­prego e de­sen­vol­vi­mento» e a re­jeição de re­dução de sa­lá­rios, plas­mada na pri­meira faixa, que apon­tava a luta como ca­minho a se­guir, teve de­sen­vol­vi­mento, mais ou menos formal, em pa­la­vras de ordem gri­tadas ao longo do tra­jecto: «O ca­pital a roubar e o povo a pagar», «Quem tra­balha não de­sarma, a luta é a nossa arma», «Com este PEC novo quem se lixa é o povo», «De­sem­prego em Por­tugal é ver­gonha na­ci­onal». Sem ser uma re­cla­mação ex­pressa da CGTP-IN, «Go­verno para a rua» rimou com «A luta con­tinua» e fi­gurou em al­gumas faixas.

Outra dis­tri­buição da ri­queza foi exi­gida pelos cor­ti­ceiros, que co­lo­caram em con­traste os 64 mil euros de lu­cros diá­rios de Amorim, e os au­mentos de 22 cên­timos que propõe aos tra­ba­lha­dores. Mas a apro­pri­ação in­justa da ri­queza criada pelo tra­balho foi mesmo tra­tada como crime. Numa faixa apon­tava-se «Go­vernos PS, PSD e CDS, UGT e pa­trões» como «cam­bada de la­drões». Um roubo foi também o in­cum­pri­mento do acordo que previa 500 euros de sa­lário mí­nimo desde Ja­neiro.



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