A inevitável opção de resistir

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Ao proletariado de Portugal. Foi com estas palavras, impressas na manchete da primeira edição do Avante!, a 15 de Fevereiro de 1931, que começou esta caminhada de 80 anos assinalada nesta edição. Nesse ano distante construía-se já no País aquela que foi a mais longa ditadura fascista da Europa, que oprimia e favorecia a cruel exploração dos trabalhadores pelos potentados económicos e calava qualquer anseio de liberdade, democracia e justiça. O movimento sindical e operário foi esmagado, os partidos proibidos, assim como os seus periódicos. Só o PCP optou por resistir e prosseguir o combate – mas tal obrigava a que o fizesse na mais rigorosa clandestinidade, enfrentando a feroz perseguição dos esbirros do fascismo.

O surgimento do Avante! foi um dos resultados da reorganização do Partido iniciada em Abril de 1929, sob a direcção de Bento Gonçalves, e que transformou o PCP num partido revolucionário, com crescente influência entre as massas e, assim, mais capaz de lutar nas difíceis condições de clandestinidade. Mas a publicação do Avante! foi, também ela, um importante contributo para a construção do Partido e para a divulgação das ideias do socialismo, bem como para a mobilização para a luta. Aplicava-se assim, à realidade portuguesa da época, os ensinamentos de Lénine relativos ao jornal comunista: este deveria ser um agitador, um propagandista e um organizador.

Apesar dos êxitos notáveis alcançados pelos comunistas ao longo da década de 30, o PCP não estava ainda preparado para resistir à crescente violência do salazarismo, embalado então pelas vitórias dos seus aliados Hitler, Mussolini e Franco. As prisões de dirigentes e militantes sucedem-se (entre as quais a de Bento Gonçalves e de outros membros do Secretariado) e o Avante! ressente-se, vendo a sua publicação interrompida e retomada por cinco vezes. Em finais de 1938, praticamente deixa de se publicar.



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