CGTP-IN não tem «falsas expectativas»
«Sem falsas expectativas e constatando profundas contradições nos posicionamentos adoptados enquanto PR ou como candidato», a CGTP-IN veio assinalar que «Cavaco Silva assumiu pública e abertamente que os trabalhadores da Administração Pública estão a ser injustiçados, que não deve haver revisão da legislação laboral, que os jovens têm direito a um futuro melhor, que é preciso uma mobilização geral para combater o desemprego, a pobreza e as desigualdades».
Numa «primeira análise» dos resultados eleitorais, divulgada na segunda-feira, a central declarou que espera do Presidente «uma postura de cumprimento da Constituição da República e um empenho efectivo numa acção política que responda aos graves problemas com que o País se depara». Mas tendo presente o seu primeiro mandato, a Intersindical lembra que, «em regra, o PR promulgou toda a legislação anti-trabalhadores que lhe foi submetida, ao mesmo tempo que incentivou e ou apoiou as políticas desastrosas que colocam Portugal numa situação de enormes bloqueios e a maioria dos portugueses em condições de grande injustiça, ou com carências gritantes».
Quer os votos nas candidaturas e as características destas, quer a dimensão da abstenção, confirmam «a existência no seio do povo português de muitos descontentamentos e desconfianças», que «emergem de factores muito concretos», dos quais a CGTP-IN destaca: a forma arrogante como os detentores do poder tratam as justas reivindicações e propostas dos trabalhadores e outras camadas da população; a imposição de políticas injustas e retrógradas, apresentadas como inevitáveis mas que afinal produzem agravamento das desigualdades; a proliferação de práticas de compadrio e corrupção entre o poder económico e o poder político; a situação dos jovens, com precariedade no trabalho e baixíssimas remunerações; os ataques aos direitos e à protecção social, e o não cumprimento de compromissos assumidos em nome do Estado; o atraso, por parte de forças progressistas, no trabalho de construção, maturação e ampla credibilização de alternativas.
A CGTP-IN salienta, por fim, que «os trabalhadores e o povo português sabem que o caminho para a resolução dos problemas e para a construção de um futuro melhor é dar vida à democracia, participar e reivindicar, não desistir dos objectivos e das lutas que são justas e necessárias», e reafirma que entende ser imperioso «prosseguir uma dinâmica de forte acção e luta sindical».