Penalizar os consumidores
A política energética voltou na passada semana a ser alvo da crítica da bancada comunista, com o deputado comunista Agostinho Lopes a contestar vivamente os aumentos de preços no sector.
Interpelando o deputado do PS Jorge Sanches, que suscitara o tema em declaração política, e a quem reconheceu «esforço discursivo para garantir a bondade da política energética do Governo», o deputado do PCP fez-lhe notar, porém, que com tais aumentos de preços para a electricidade, o gás natural e os combustíveis «não há palavras que convençam o povo de que a política energética é a adequada».
E afirmou que a descoberta do PS pelas renováveis é tardia, já que o PCP há mais de 30 anos que coloca o problema da energia eólica, da energia geotérmica e hídrica, reclamando o aproveitamento desses recursos endógenos existentes no País.
A questão está no entanto, salientou, em saber «como é que essa estratégia é suportada, quem a paga e quais os níveis dos incentivos». Ora, acusou, enquanto há três décadas o PCP suscitava a questão das renováveis, o PS, PSD e CDS andavam envolvidos noutra guerra: «a privatização das grandes empresas públicas do sistema energético nacional, a liberalização dos mercados e até a desestruturação desse sector através da segmentação da cadeia de valor, concretamente no sistema electroprodutor nacional».
Daí decorre, segundo Agostinho Lopes, que, hoje, tanto o PS como o PSD não tenham outra resposta que não seja a de sobrecarregar os custos desses incentivos – mil milhões de euros – em cima dos consumidores portugueses, com problemas graves não apenas para o bolso destes como também para a competitividade da economia nacional.
E à pergunta se se poderia ter incentivos às renováveis e, simultaneamente, preços mais baixos de energia, Agostinho Lopes respondeu afirmativamente, nomeadamente quanto aos combustíveis e ao gás natural, exigindo por isso do Governo a revisão da factura para que os portugueses «não sofram com o aumento anunciado».