Uma batalha de acrescida importância
A decisão assumida pelo Comité Central do PCP da apresentação da candidatura de Francisco Lopes à Presidência da República deu expressão às decisões assumidas no XVIII Congresso do PCP de intervir nas eleições presidenciais de 2011 “com o objectivo de afirmar as suas próprias ideias quanto ao papel e funções do Presidente da República, e de contribuir para que seja assegurada na Presidência da República uma intervenção nesse cargo comprometida com a defesa e respeito da Constituição da República e liberta dos interesses e posicionamentos do grande capital”.
«Ir o mais longe possível na votação em Francisco Lopes é o objectivo»
Cinco anos passados sobre a eleição de Cavaco Silva, as eleições assumem acrescida importância. Desde logo pela razão directa do que nelas se decide: a reeleição de Cavaco Silva representaria, na situação que o País vive, não apenas a persistência dos problemas nacionais mas um salto qualitativo no seu agravamento, um acrescido factor de ânimo para novos ataques ao regime democrático, aos valores e conquistas de Abril.
Depois, porque na actual situação económica e social, no quadro da ofensiva em curso que, a pretexto da crise, PS e PSD desenvolvem para acentuar a exploração e acrescentar injustiças, se exige não só o esclarecimento e denúncia das políticas e responsáveis pelo rumo de declínio, como a afirmação de uma outra política patriótica e de esquerda capaz de dar resposta aos problemas do País.
Finalmente, porque perante projectos para novos e mais graves golpes na Constituição e na sua dimensão política, económica e social se impõe dar-lhe decidido combate, mobilizar todos quantos se reconhecem em Abril e nos seus valores e afirmar um exercício das funções presidenciais marcado pelo respeito, cumprimento e efectivação da Constituição da República.
Justas razões
Três razões – determinação e empenho na derrota de Cavaco Silva, afirmação de um rumo e de um projecto alternativo para o País, garantias de um efectiva defesa da Constituição – dão à candidatura de Francisco Lopes uma marca distintiva e um factor insubstituível para lhe dar uma coerente correspondência.
O que está no centro da batalha e dos seus resultados não é, no imediato, a sobrevivência ou a não sobrevivência das políticas de direita e neoliberais, mas sim as condições em que os sectores mais reaccionários e revanchistas aspiram a que essas políticas se desenvolvam. Ou seja, não só das dinâmicas que dos seus resultados se podem gerar no exercício das funções presidenciais mas, também, na expressão política e social que dessas dinâmicas podem resultar na vida do País. O que está em jogo não é a questão da alternativa ou da conquista imediata, com os seus resultados, de uma ruptura com a actual política, mas sim a contribuição que o processo eleitoral pode e deve dar para o esclarecimento e mobilização em torno da candidatura do PCP, para ampliar a consciência sobre a urgência de uma mudança de política e as condições em que a luta por esses objectivos se desenvolverá no futuro.
Inscrever e concretizar a construção de uma ampla campanha de esclarecimento e mobilização para o voto: é esta a tarefa que está colocada ao conjunto de organizações e militantes do PCP e dos apoiantes da candidatura de Francisco Lopes, na qual devem ser concentradas as energias e esforços indispensáveis à sua afirmação e sucesso eleitorais.
Uma campanha que valorize e afirme a vinculação da candidatura aos interesses e direitos dos trabalhadores e do povo, que dá expressão à sua luta e aspirações. Uma candidatura que distintamente de todas as outras emerge ligada aos interesses dos trabalhadores, à defesa dos seus direitos e à concretização das suas aspirações. A única candidatura que frontalmente coloca a questão dos salários, do direito ao trabalho e do trabalho com direitos, do combate à precariedade e à desregulação do horário de trabalho.
Uma candidatura, que como nenhuma outra, apresenta um projecto para o País assente numa política alternativa construída na ruptura com a política de direita e que dá voz à exigência de mudança capaz de inverter o rumo de declínio económico e retrocesso social para o qual Portugal tem sido arrastado.
Uma candidatura patriótica e de esquerda, vinculada aos valores de Abril, com um projecto de afirmação de um outro rumo na vida política nacional capaz de resgatar o País do caminho de declínio e de assegurar o desenvolvimento, a elevação das condições de vida dos trabalhadores e do povo, a soberania nacional.
Ir o mais longe possível na votação em Francisco Lopes é o objectivo que deve concentrar as energias de todo o colectivo partidário. Uma candidatura que irá tão longe quanto os trabalhadores e os portugueses quiserem, que pesará tanto mais para o presente e as lutas futuras quanto mais ampla for a consciência da imperiosa urgência de uma ruptura com a política dominante. Com a convicção de que cada voto em Francisco Lopes é não apenas o voto certo para a mudança necessária mas também a opção mais coerente e consequente para dar força à luta futura.