Para a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) é um «escândalo» o facto de o Ministério da Economia (MADRP) e o Governo, «por incúria política e administrativa, ainda não terem conseguido [desde 2007] operacionalizar o programa da Rede Rural Nacional». «Defraudam assim as expectativas que criaram e não pagam as despesas dos agentes rurais que se empenharam em elaborar e executar projectos específicos, aliás estimulados pelas entidades "gestoras" do programa da Rede Rural, primeiro o Gabinete de Planeamento e Políticas, agora a Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, que são organismos do MADRP», denuncia, em nota de imprensa, a CNA.

Entretanto, se até ao final do ano de 2010, não forem utilizadas as verbas inscritas na programação financeira da Rede Rural para 2008, no total de 3,74 milhões de euros, os 50 por cento da componente comunitária - 1,87 milhões de euros - vão ter ser devolvidas à União Europeia (UE) por falta de cumprimento da Regra Comunitária conhecida como «N+2». Pelas informações recentemente transmitidas aos agentes rurais envolvidos, pode afirmar-se que mais de um milhão de euros já está praticamente perdido e deverá mesmo ter que ser devolvido à UE.

Num outro documento, a CNA reclama ainda do Governo que pague, urgentemente, as ajudas de «emergência» à alimentação animal, prometida desde Agosto aos produtores pecuários afectados pelos incêndios florestais deste ano. «De facto, já tinham morrido à fome os animais das zonas ardidas durante os incêndios florestais deste ano, se os produtores atingidos dependessem de todo da ajuda, dita de emergência, à alimentação animal, propadandeada pelo Ministério da Agricultura e pelo Governo logo em Agosto», denunciam os agricultores.