CGTP-IN dirige efeitos da greve ao futuro

Interpretem este sinal!

Exige-se uma efectiva mudança de rumo

A «grande greve geral» de anteontem constitui «um sinal que o Governo e as forças políticas devem interpretar», atentando à exigência de mudança de política e de combate às injustiças que esteve na base da luta - salientou a CGTP-IN, na primeira apreciação global da paralisação nacional, iniciada na madrugada de terça-feira e que veio a adquirir dimensão inédita por todo o País - como nestas páginas se relata em diferentes sectores, empresas, serviços, concelhos e regiões, unindo trabalhadores de muito variadas profissões e qualificações, com vínculos laborais precários ou efectivos.

A posição da Intersindical Nacional foi expressa pelo seu secretário-geral, Carvalho da Silva, cerca das 13 horas de quarta-feira, com base nos resultados conhecidos e que a central foi actualizando no sítio grevegeral.net. Logo aí, foi salientada a «transversalidade» da elevada adesão à greve geral, que viria a ser confirmada umas horas depois, na conferência de imprensa conjunta com a UGT. Dos três milhões de trabalhadoras e trabalhadores que as organizações sindicais estimam terem participado na greve geral, dois terços pertencem a empresas privadas e o restante milhão reflecte a adesão generalizada na Administração Pública.

Ao considerar que esta foi, «sem dúvida, a greve geral com mais impacto» alguma vez realizada em Portugal, Carvalho da Silva voltou a salientar que ela foi «oportuna para o futuro do País», assinalando que o seu êxito resultou da justeza das posições e objectivos definidos. A afirmação de que «esta greve geral vai ter efeitos imediatos e futuros» vai ter concretização nos próximos dias, no aprofundamento das informações e da reflexão nos organismos do movimento sindical unitário, e a médio prazo, na consolidação do vasto trabalho de esclarecimento, mobilização e organização realizado desde que a greve geral foi anunciada pela CGTP-IN, a 1 de Outubro.

 

Continuar a luta

 

O importante contributo da greve geral para o prosseguimento da luta dos trabalhadores foi reafirmado ontem, na saudação divulgada pela Comissão Executiva da CGTP-IN. Começa por assinalar que se tratou de «uma jornada histórica», alcançando «a maior adesão de sempre a uma greve geral».

«Demos expressão a uma enorme indignação e protesto, face às injustiças das políticas que vêm sendo seguidas e às práticas governamentais e patronais de desvalorização do trabalho, de redução dos salários, de precarização do emprego, de ataque a direitos sociais fundamentais», mas a jornada de 24 de Novembro «foi também uma determinada afirmação do futuro, exigindo uma mais justa distribuição da riqueza, a utilização dos recursos e das capacidades produtivas do País, a salvaguarda da soberania nacional».

A CGTP-IN renova as principais exigências das lutas que desaguaram na greve geral: o patronato tem que «cumprir as leis e os direitos dos trabalhadores, respeitar a negociação colectiva, assegurar condições de formação e qualificação, remunerar com justiça». O Governo tem que «tratar os trabalhadores e a população portuguesa como pessoas com dignidade, com direitos e aspirações, com dificuldades e capacidades», tem que «cumprir acordos estabelecidos, desde logo, assegurar a actualização do salário mínimo para 500 euros em 2011» e «negociar com os sindicatos a reposição de protecções aos desempregados e aos mais carenciados, bem como a melhoria das pensões de reforma», e tem que «dialogar e negociar com os sindicatos, não a aplicação de programas de empobrecimento, desemprego e recessão económica, mas sim a dinamização do aparelho produtivo, os compromissos necessários para uma produção de bens úteis ao desenvolvimento da sociedade, a melhoria da produção da riqueza e das capacidade competitivas da nossa economia».

«É tempo de uma efectiva mudança de rumo», mas «a CGTP-IN e os trabalhadores sabem que as mudanças necessárias não acontecem dum dia para o outro», «fazem-se na continuidade da acção e da luta».



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