8.ª Assembleia da Organização Regional de Leiria do PCP

Reforçar raízes nos trabalhadores e no povo

A grande questão que se coloca aos comunistas do distrito de Leiria é reforçar o Partido. Disto depende o aumento da capacidade reivindicativa dos trabalhadores e do povo, essencial para empreender a ruptura e a mudança que o País precisa.

No distrito de Leiria, o Partido tem mais militantes e organizações

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Esta foi uma das conclusões fundamentais da VIII Assembleia da Organização Regional de Leiria do PCP, realizada no sábado, na Marinha Grande, com a participação de mais de 150 delegados. Uma conclusão fundamentada em vários exemplos concretos, trazidos à tribuna da Assembleia por vários militantes, de diferentes concelhos, empresas e sectores, e que importa generalizar.

Telmo Gomes, trabalhador da Barbosa & Almeida Vidros (e eleito para a direcção regional de Leiria do PCP), referiu que a reactivação da célula do Partido na empresa, em 2009, contribuiu decisivamente para o reforço da Comissão Sindical e para o desenvolvimento da luta. Apesar dos lucros rondarem, em cada um dos últimos dois anos, os 40 milhões de euros, a administração garantiu que não dará aumentos salariais e recusa negociar com os representantes dos trabalhadores. A luta está em progresso, garantiu o militante comunista.

Na cerâmica Bordalo Pinheiro, que só não encerrou devido à tenaz resistência dos operários, o papel do PCP foi essencial para este desfecho. Tanto assim foi que o delegado tinha o «mandato» dos seus companheiros de fábrica para agradecer ao Partido o apoio dado à sua luta em defesa dos postos de trabalho.

Na ESIP, do sector das conservas, a empresa foi forçada pela luta a passar ao quadro muitos trabalhadores que antes tinham vínculos precários. Mas, como afirmou Mariana Rocha, «50 por cento ainda são precários», pelo que há que prosseguir este combate. Como realçou a militante, neste sector abundam os despedimentos e é frequente a repressão às organizações sindicais.

Na resolução política, aprovada por unanimidade na assembleia, destacava-se o «reforço e estabilização do funcionamento da Comissão Distrital para o trabalho do Partido nas empresas e movimento sindical e a criação ou efectivo reforço das células sindicais do Partido». Desde 2007, foram criadas as células do município da Marinha Grande, da Barbosa e Almeida e da Key Plastics, havendo fortes possibilidades de em breve serem criadas novas células. A organização distrital dos professores foi outra conquista recente do Partido na região, que viu crescer em 11 por cento o seu número de militantes.

 

Organizar e intervir

 

Também em algumas organizações concelhias o Partido cresceu e reforçou-se – um movimento que não estará desligado da realização de assembleias nessas organizações. Nas Caldas da Rainha, o Partido está a acompanhar as lutas que se travam nas empresas dos sectores da cerâmica e da construção civil, afirmou António Barros, da organização local. Na assembleia daquela organização, realizada recentemente, foi eleita uma nova Comissão Concelhia, que definiu como um dos objectivos centrais a regularização do trabalho nas empresas. Em torno da contestação à privatização do Hospital Termal das Caldas da Rainha, os comunistas dinamizaram um abaixo-assinado que recolheu três mil assinaturas.

Também em Óbidos foi realizada recentemente uma assembleia da organização concelhia do Partido. A Comissão Concelhia eleita, que reúne quinzenalmente, já conseguiu mais do que duplicar a venda do Avante!. Como relatou Marta Santos, a organização é pequena mas «está hoje mais forte».

Cristina Fernandes, de Alcobaça, chamou a atenção para as potencialidades existentes no concelho para o desenvolvimento da actividade do Partido. Os comunistas procuram agora novas instalações para o seu Centro de Trabalho.

Antes, já Carlos Vicente, da Marinha Grande, tinha manifestado a sua confiança na possibilidade real de aumentar significativamente a venda do Avante! – tarefa que, garante, é um instrumento fundamental na batalha das ideias, ao mesmo tempo que tem uma grande importância ao nível financeiro. No concelho, 15 militantes vendem semanalmente o Avante! em vários locais e o número de compradores aumentou significativamente. Mas é possível fazer melhor, argumentou, sendo para isso necessário que mais gente esteja disposta a vender o jornal na rua.

Filipe Andrade, do Comité Central, referiu-se, quase no fim dos trabalhos, à necessidade de o Partido responder com determinação à ofensiva social – e ideológica – que está em curso. O reforço do Partido é a «chave do sucesso» desta resposta, lembrou, referindo-se particularmente à importância de criar e reactivar células; realizar assembleias; utilizar melhor os meios próprios de agitação e propaganda; melhorar a situação financeira.

 

Comunistas têm propostas para inverter situação

Uma região a definhar

 

A Assembleia deixou bem clara a necessidade urgente de pôr cobro à política de direita, responsável pelo definhamento das actividades produtivas no distrito, com terríveis consequências no emprego e na qualidade de vida dos trabalhadores e das populações.

Como denunciou João Armando, membro do Comité Central e responsável pela Direcção da Organização Regional de Leiria do PCP, na intervenção de abertura, encerraram 700 empresas no distrito desde 2007. Isto teve como consequência um brutal aumento do desemprego: no final do primeiro semestre do ano, os centros de emprego do distrito registavam mais de 19 mil inscritos, «aos quais devemos somar os cerca de 15 mil desempregados que foram retirados dos ficheiros».

Na resolução política chama-se a atenção para as difíceis condições de competitividade das empresas da região, nomeadamente dos sectores da cristalaria e cerâmica. Para isto muito contribuem, como salientou igualmente João Armando, os elevados preços dos combustíveis, dos transportes e condições do acesso ao crédito, que pesam consideravelmente nos custos finais da produção. Confrontadas com estas dificuldades, as empresas fazem recair sobre os trabalhadores estes custos, através da intensificação da exploração.

Na agricultura, a situação não é melhor. Custódio Santos, da direcção regional do Partido, falou do aumento de 40 por cento dos custos de produção (gasóleo e electricidade aumentaram 100 por cento) e do domínio da comercialização pelos grandes grupos de distribuição. Por tudo isto, desapareceram muitas explorações e perderam-se postos de trabalho, com consequências graves ao nível da regressão «económico-social em muitas aldeias». Nas pescas, continuou a redução da frota regional. A frota do cerco está reduzida a 10 traineiras e 200 pescadores.

A tudo isto há que acrescentar ainda o encerramento de escolas e serviços de saúde e a quebra no investimento público: «dos 120 milhões de euros previstos no PIDDAC em 2005 passou-se para 17,2 milhões este ano», acusou João Armando. 2011 ainda será pior.

Para todas estas áreas, a resolução política aprovada na VIII Assembleia da Organização Regional de Leiria apresentava propostas concretas para inverter a situação. Mas os comunistas estão conscientes de que só com uma profunda mudança será possível garantir, em definitivo, uma vida melhor para os trabalhadores e para as populações do distrito.



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