Produzir mais e dever menos
O Secretário-geral do PCP esteve no distrito de Santarém no domingo a participar em diversas iniciativas, nomeadamente nos concelhos de Ourém e Salvaterra de Magos. Num almoço em Ourém, que acabou por ocupar todas as salas do restaurante, e perante muitos independentes, Jerónimo de Sousa chamou a atenção para as potencialidades do País: «Portugal não é um País pobre», afirmou, lembrando os recursos do subsolo e as potencialidades agrícolas, piscatórias e industriais. «Portugal tem que produzir mais para dever menos», concluiu o Secretário-geral do Partido.
Denunciando o carácter profundamente negativo e injusto das medidas anunciadas pelo Governo, no que é já chamado de PEC 3, Jerónimo de Sousa afirmou que a banca continua sem qualquer encargo: esta pagará uma «taxazinha» para uma espécie de «mealheiro» ao qual recorre sempre que precisar. Ou seja, «nem um cêntimo para o défice ou para a dívida externa». Foi esta a mais recente decisão do Ecofin, que reúne os ministros das Finanças da União Europeia.
Jerónimo de Sousa destacou ainda a necessidade – e a possibilidade – de travar a especulação, lembrando que os tais «especuladores» e o «mercado» de que tanto se fala são, na realidade, os grandes bancos alemães, franceses e a alta finança europeia e internacional, os mesmos a quem a política de direita serve. Estes, acusou, financiam-se «ao preço da chuva« e cobram elevados juros às economias mais frágeis: o Banco Central Europeu empresta aos bancos a um por cento e estes emprestam a Portugal a 6,5 por cento (à Alemanha somente a 2,3 por cento). O dirigente comunista estimou que o País pague, este ano, 700 milhões de euros só em juros, no que apelidou de «roubo descarado» ao erário público.