Organizar e intervir
O PCP realizou, no dia 30, em Lisboa, o seu 5.º Encontro sobre o Trabalho junto dos Reformados. Em foco no debate travado esteve, para além da acção concreta do Partido junto desta camada social, a situação do País, marcada pela ofensiva sem precedentes lançada pelo Governo contra os reformados, pensionistas e idosos e contra as suas condições de vida.
Contando com largas dezenas de participantes, o encontro realizou-se no dia seguinte ao anúncio de novas «medidas de austeridade», tomadas, como lembrou Jerónimo de Sousa, por cima de outras igualmente gravosas, no âmbito do PEC e do PEC2: os aumentos do IRS e do IVA e a quebra nas comparticipações em medicamentos e exames somam-se à redução do valor das reformas e pensões para os actuais reformados, pensionistas e idosos e ao ataque em curso contra o direito à reforma e a uma pensão digna para os actuais trabalhadores.
Mas em debate no encontro esteve, sobretudo, a importância de reforçar a organização dos comunistas reformados bem como a sua intervenção unitária. Como afirmou ainda o Secretário-geral do PCP, intervindo ao final da manhã, os reformados «cessaram o seu vínculo laboral, mas não cessaram o seu vínculo com o Partido».
Na abertura dos trabalhos, Raimundo Cabral, do Comité Central, tinha já realçado que a degradação das condições de vida dos reformados e os «retrocessos que a política está a impor nos seus direitos impõe o reforço da sua organização, da sua unidade e luta reivindicativa». O número de militantes reformados nas organizações, o aumento crescente do seu peso no conjunto da população e os graves problemas sociais que os atingem, colocam ao PCP um desafio central: a necessidade de encontrar novas respostas, no plano orgânico, que permitam dar passos na sua ligação aos reformados, aumentar a sua influência social, política e eleitoral e, ao mesmo tempo, reforçar o contributo destes militantes no desenvolvimento da capacidade organizativa e reivindicativa do movimento unitário dos reformados.
A integração e intervenção dos militantes reformados em células específicas, criadas ou a criar – medida decidida pelo Comité Central – insere-se neste objectivo. Às organizações partidárias colocam-se ainda como tarefas aprofundar o conhecimento da realidade social dos reformados, promovendo o debate no Partido em torno das questões mais sentidas; conhecer as estruturas unitárias existentes; e dar a conhecer as propostas e iniciativas do PCP dirigidas a esta camada social.
Participaram no encontro, entre outros, Fernanda Mateus, da Comissão Política, e o candidato à Presidência da República Francisco Lopes.