Artigo 38.º

«O Es­tado as­se­gura a li­ber­dade e a in­de­pen­dência dos ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial pe­rante o poder po­lí­tico e o poder eco­nó­mico.» in Cons­ti­tuição da Re­pú­blica Por­tu­guesa.

 

Pre­con­ceito e de­sin­for­mação

 

A se­mana pas­sada ficou mar­cada pela apre­sen­tação do di­ri­gente do PCP Fran­cisco Lopes como can­di­dato à Pre­si­dência da Re­pú­blica. No pró­prio dia da apre­sen­tação como nos se­guintes, muito se falou da can­di­da­tura co­mu­nista, em vá­rias no­tí­cias, re­por­ta­gens, en­tre­vistas e co­men­tá­rios.

Mas, à se­me­lhança do que acon­teceu nou­tros mo­mentos da his­tória do Par­tido, a ge­ne­ra­li­dade dos co­men­ta­dores, ana­listas e po­li­tó­logos que por aí andam logo tra­taram de des­va­lo­rizar a can­di­da­tura co­mu­nista, re­cor­rendo aos pre­con­ceitos e ca­ri­ca­turas de sempre: da origem so­cial do can­di­dato à sua pre­tensa or­to­doxia, pas­sando pela sen­si­bi­li­za­dora pre­o­cu­pação com um (de­se­jável, para eles) mau re­sul­tado ob­tido por Fran­cisco Lopes nas pró­ximas elei­ções pre­si­den­ciais. Da de­cla­ração de can­di­da­tura, dos seus ob­jec­tivos e pro­postas, muito pouco se disse.

Nada de novo, por­tanto. E nada que sur­pre­enda: estes pro­pa­gan­distas da po­lí­tica de di­reita não con­se­guem ver para além do es­quema im­posto pela ide­o­logia do­mi­nante e esta de­ter­mina que se si­lencie, de­turpe e ca­ri­ca­ture os co­mu­nistas e as suas pro­postas de rup­tura e de mu­dança. Os in­te­resses dos seus pa­trões assim o exigem.

Este seu labor an­ti­co­mu­nista, se bem que in­tenso e es­for­çado, não teve o re­sul­tado que de­se­javam, pois a can­di­da­tura do PCP, apesar de ser ainda uma no­vi­dade, está já a con­quistar o seu es­paço entre aqueles que são pre­ju­di­cados pela po­lí­tica que o Go­verno – em con­luio com o PSD e com o Pre­si­dente da Re­pú­blica – tem vindo a pros­se­guir.

O mesmo su­cedeu com a apre­sen­tação, na se­gunda-feira, da cam­panha do PCP Por­tugal a pro­duzir. Salvo al­gumas ex­cep­ções, a ge­ne­ra­li­dade dos ór­gãos de co­mu­ni­cação so­cial ig­norou por com­pleto esta ini­ci­a­tiva do Par­tido (al­guns dos quais, diga-se, es­ti­veram pre­sentes na con­fe­rência de im­prensa e não tra­taram o as­sunto). Não sendo raro este si­len­ci­a­mento, é ainda mais sen­tido quando em causa estão ques­tões que abalam fron­tal­mente os fun­da­mentos da po­lí­tica de di­reita: é assim com a de­fesa da pro­dução na­ci­onal; foi assim quando o as­sunto foi a banca, os seus pri­vi­lé­gios e a de­fesa da sua na­ci­o­na­li­zação…

A poucos dias da aber­tura da Festa do Avante! e quando tanto se fala de re­en­trées lá co­meçam a surgir no­tí­cias sobre aquela que é a maior ini­ci­a­tiva po­lí­tico-cul­tural que se re­a­liza em Por­tugal. Mas uma aná­lise mais fina dessas no­tí­cias re­vela algo que seria ina­cre­di­tável se não fosse normal: não se fica a saber quase nada do seu con­teúdo, dos es­pec­tá­culos de mú­sica, dança ou te­atro; das ex­po­si­ções de artes plás­ticas; dos de­bates po­lí­ticos; das mo­da­li­dades des­por­tivas; da gas­tro­nomia.

Só se re­fere – o que tendo um sig­ni­fi­cado pro­fundo não é su­fi­ci­ente – que a Festa é cons­truída de forma vo­lun­tária e ab­ne­gada por mi­lhares de mi­li­tantes e sim­pa­ti­zantes do Par­tido. Fica é a pa­recer que a cons­troem como um fim em si.

E não é por falta de ma­téria ou de in­sis­tência do PCP, que pro­duziu nas úl­timas se­manas vá­rias notas e con­fe­rên­cias de im­prensa sobre as­pectos con­cretos da pro­gra­mação da Festa do Avante!. Mas uma vez mais, quando as portas da Ata­laia abriram, serão muitos e muitos mi­lhares os que, apesar de todo este denso manto de si­lêncio, ali es­tarão para usu­fruir dos três dias da Festa.



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