«A bem da Nação»
Foram aprovadas a semana passada na AR com os votos de PS e PSD, algumas desastrosas medidas do «PEC2», nomeadamente de sobrecarga fiscal dos trabalhadores, com desgraçadas consequências sociais e económicas.
Os debates desse processo legislativo e com o Primeiro Ministro foram, em substância, marcados pela intervenção do PCP, na denúncia do carácter de classe, de profunda assimetria social e antipatriótico desta política, e na proposta de alternativas para a taxação fiscal do capital financeiro e da riqueza acumulada. Foi também o PCP que levou à AR a força e determinação da condenação da política do PS/PSD na grande manifestação de 29 de Maio.
Os media dominantes – como é «normal» – optaram por tapar o PCP e relevar os «incidentes» mais ou menos fictícios, entre PS, PSD e CDS.
Foi o caso da encenação das «divergências» entre PS e PSD, tão «sentidas» como o «Tango de amor ao PEC» que ambos têm vindo a dançar. P. P. Coelho fez ameaças: «para o ano é que é!», em 2011 mandamos o governo abaixo; J. Sócrates retaliou: a Merkle mandou-vos «baixar as orelhas» e votar no «PEC2» e nos que estão para vir.
Foi o caso da encenação da «profundíssima discordância» do CDS com o PEC, procurando esconder, na polémica sobre a retroactividade do pacote fiscal, o vazio de propostas e o «mau perder» de não ter entrado no «negócio» PS/PSD.
Como diz sem «punhos de renda» o Saraiva do Sol - «o PS é melhor para enfrentar a crise», «… os banqueiros não têm qualquer interesse que PSD e CDS vão para o governo. O interesse de todos é terem o PS como pára-choques … para lançar medidas duras, para fazer o que for preciso … e quando o ciclo PS chegar ao fim ... será naturalmente o PSD ...».
Portanto, nesta fase da ofensiva dos interesses, a orientação é clara – para glória da Alemanha, do «Directório» da UE e do capital financeiro, o caminho é o PEC e o seu «braço armado» é o Governo PS; ao PSD e CDS cumpre-lhes apoiar esta política, numa espécie de «União Nacional» tricéfala.
A pátria do grande capital está no banco e a sua lei fundamental é a taxa de lucro. Por isso ao ministro T. dos Santos não restam dúvidas - acima da Constituição está o «bem público», que em cada caso é definido pelo grande capital e pelo governo ao seu serviço.
Em Portugal, no fascismo, houve um ministro das finanças e «presidente do conselho» que sintetizou esta ideia - «A Bem da Nação».