Professores unidos na luta

Os professores concentraram-se duas horas antes do início da manifestação, diante do Ministério da Educação, onde efectuaram um plenário nacional e se comprometeram a prosseguir a luta, que «vai ser muito difícil, dura e muito prolongada».

O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores, Mário Nogueira, salientou que esta foi a participação de docentes «maior de sempre, numa manifestação geral de trabalhadores» e criticou fortemente o PEC e as suas medidas, que afectam tanto os docentes como a generalidade da população. Considerando que «também a educação está a ser vítima da ganância daqueles que prejudicam o País, favorecendo o grande capital», o dirigente da Fenprof salientou que os professores continuarão a recorrer a todas as formas de luta constitucionalmente consagradas para fazerem valer a sua razão. Mário Nogueira acusou o ME de adoptar medidas que levarão a um crescimento «brutal» do desemprego de professores, já em Setembro, prevendo que «milhares de professores ficarão por colocar».

Criticou a fusão de agrupamentos escolares, o fecho de escolas com menos de 20 alunos e de jardins de infância «para poupar dinheiro à custa de milhares de crianças», lembrando, a este propósito, que a Fenprof está a ponderar avançar com uma queixa junto da UNESCO. Também recordou a instabilidade dos corpos docentes e a exclusão de direitos dos alunos de educação especial.

Considerando que «Isabel Alçada vem apenas acabar o trabalho sujo iniciado pela sua antecessora», repudiou a eventualidade de uma revisão constitucional; saudou «uma das maiores concentrações de sempre de professores, na Madeira, no dia anterior, contra o congelamento de carreiras e dos concursos; e recordou que vale a pena lutar pela suspensão da avaliação de desempenho e contra a divisão da carreira docente em duas. Se os compromissos assumidos não forem respeitados, «os professores voltarão aos protestos de rua, as vezes que for preciso».



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Força para mudar de rumo

A manifestação nacional, promovida pela CGTP-IN no sábado, em Lisboa, foi a maior das últimas décadas. O descontentamento dos trabalhadores e de outras camadas sociais afectadas pela política de direita do Governo PS teve nas ruas uma vigorosa expressão, permitindo afirmar com confiança que «é possível mudar de rumo com a luta de quem trabalha». Na resolução aclamada no final do comício sindical afirma-se também «total disponibilidade e empenho», tanto para prosseguir as batalhas em curso em empresas, serviços e sectores, como para «adoptar todas as formas de luta que a Constituição consagra».

A luta continua

Na manifestação de 29 de Maio, a CGTP-IN assumiu as suas responsabilidades e tomou o compromisso de transformar o descontentamento «num protesto sem tréguas, pela defesa dos direitos e da dignidade de quem trabalha, pelo direito da juventude a um futuro digno».

«Temos que lutar o tempo que for preciso»

 

Num momento em que o País atravessa uma situação como não há memória – marcada por uma ofensiva sem precedentes do grande capital, por intermédio do PS e do PSD, contra os direitos e as condições de vida dos trabalhadores e do povo e, ao mesmo tempo, por uma intensa luta que cresce e se intensifica –, Jerónimo de Sousa referiu ao Avante! que a manifestação de sábado, que considerou um marco na história do movimento operário e sindical, terá necessariamente de ter continuidade. E reafirmou a determinação dos comunistas em persistir no combate pela ruptura e pela mudança, demore o tempo que demorar.