Quedas
A notícia anunciava uma espécie de vitória: a Bolsa de Lisboa foi a que «menos perdeu na Europa» (é obra...) no mês de Maio, situando as suas quebras nos 4,5%. Acima disto estiveram todos os poderosos da União (Alemanha, França, Inglaterra e por aí fora).
Só que a «segunda parte» da notícia punha os pontos nos is, por assim dizer: afinal, a Bolsa de Lisboa só foi a que «menos perdeu na Europa» no mês de Maio pela linear e curta razão de que já havia sido a «campeã das perdas» nos dois meses anteriores. Além disso, em termos anuais, a dita cuja Bolsa de Lisboa «é a terceira a desvalorizar mais», depois da Grécia e da Espanha.
Desta vez o gabinete governamental de Sócrates não chegou a gabar-se deste «feito» da Bolsa de Lisboa, o que ao menos lhe poupou mais um «desmentido» atabalhoado, como o teve de fazer com o lamentável «caso» do encontro com Xico Buarque.
A história fez manchete no Público: Sócrates pediu ao Presidente Lula, do Brasil, que lhe arranjasse um encontro com Xico Buarque, para depois o seu gabinete pessoal se «gabar» de haver sido o grande artista a solicitar o encontro, o que obviamente teve de atribuir a «um engano» quando Xico, indignado, fez saber que foi convidado e não convidou ninguém...
Apoios
Finalmente, o PS de José Sócrates «descoseu-se» e decidiu, formalmente, apresentar o seu apoio à candidatura presidencial de Manuel Alegre, isto 135 dias depois (conta minuciosamente o Público) do candidato-poeta haver formalizado a mesma candidatura. É claro que os jornais se têm refastelado a retoiçar na coisa, especulando sobre «as divisões» que tal apoio terá levantado no interior do partido, embora por junto e atacado apenas cinco vozes se hajam erguido em discordância na comissão nacional do partido, o que foi bastante menos que as 11 oposições registadas em 2005 contra a (re)candidatura de Mário Soares, que igualmente surge nos «boatos» como o «inspirador» da candidatura de Fernando Nobre para «comprometer» a de Manuel Alegre.
Uma coisa é certa: apesar da minuciosa pré-reunião de Sócrates com as organizações do partido, para garantir este quase unanimismo ao apoio a Alegre, um apoio com quase cinco meses de atraso não configura um entusiasmo muito convincente..
A conta-gotas
As medidas do famigerado PEC parece estarem a ser publicitadas a conta-gotas. Esta semana, o Governo anunciou o fim de vários apoios sociais extraordinários aos desempregados, apoios esses que se deveriam manter até ao final do ano, segundo o próprio PEC em versão anterior. Entre as medidas revogadas estão o prolongamento por mais seis meses do subsídio social de desemprego, que deveria abranger 50 mil pessoas e custaria 40 milhões de euros.
Finalmente, a OCDE revelou que o desemprego em Portugal chegará aos 10,6% no final do ano, o que está bastante acima dos 9,8% previstos pelo Governo.
Governo que, pelos vistos, está a utilizar o «conta-gotas» no anúncio dos ataques aos trabalhadores na ilusão de que eles, assim, dêem menos por isso.
Mas dão. Como se viu na monumental manifestação de protesto de mais de 300 mil pessoas no passado sábado, em Lisboa. E a luta vai continuar!