Ventos de guerra imperialista
OS EUA colocaram as suas forças armadas de prontidão para um possível conflito com a RPD da Coreia, respondendo, assim, ao suposto afundamento de um vaso de guerra sul-coreano por parte da Coreia do Norte. Os norte-coreanos defendem que as provas apresentadas são falsas e exigem que os seus inspectores tenham acesso a elas.
«A Coreia do Norte exige inspeccionar as “provas” sul-coreanas»
Num comunicado divulgado pela agências de notícias KCNA, o ministro das Forças Armadas da República Popular Democrática da Coreia (RPDC) exigiu que a equipa de Pyongyang tenha acesso aos elementos recolhidos pela homóloga de Seul.
Este é um factor decisivo para que o mais grave incidente dos últimos anos entre as duas nações não degenere numa guerra, mas o governo sul-coreano rejeita a monitorização das alegadas provas que, supostamente, confirmam o envolvimento da Coreia do Norte no afundamento da corveta Cheonan. No passado dia 26 de Março, o vaso de guerra explodiu no Mar Oeste da península coreana provocando a morte a 46 marinheiros.
Neste contexto, o governo norte-coreano acusa os vizinhos do Sul de má-fé e de levarem a cabo não uma investigação às causas do incidente mas uma campanha de provocação. Desde o início que a Coreia do Sul acusa a RPDC do naufrágio do Cheonan, sublinha o executivo norte-coreano, para quem, o não recebimento do seu grupo de inspectores não apenas viola o acordo de não-agressão entre as duas nações, como adensa as dúvidas sobre a objectividade dos exames periciais sul-coreanos.
As únicas provas conhecidas publicamente são alguns pedaços de ferro e alumínio recolhidas pela Coreia do Sul, materiais que Pyongyang pretende analisar.
A escalada da tensão já motivou o cancelamento da cooperação multilateral e dos canais de diálogo entre os dois países.
Semear o conflito
Face à situação na Península Coreana, o presidente dos EUA, Barack Obama, ordenou, segunda-feira, às forças armadas do país que estivessem prontas para um conflito no Extremo Oriente. Segundo informou o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, Obama apoia vigorosamente os planos do presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, de retaliação contra o vizinho do Norte.
Evidentemente, o discurso da Casa Branca é o da «prontidão para responder a futuras agressões», mas a verdade é que não existem provas inequívocas de que a Coreia do Norte tenha atacado um navio da marinha de guerra sul-coreano.
Mais, foram os EUA e a Coreia do Sul que anunciaram, terça-feira, por intermédio do porta-voz do Departamento da Defesa norte-americano, Bryan Whitman, o início de manobras militares na região, decisão que em nada contribui para a resolução pacífica do diferendo.
Acresce que, para além do contingente que os norte-americanos mantêm na Coreia do Sul – quase 30 mil soldados e vários vasos de guerra incluindo sbmarinos nucleares –, no campo diplomático Washington dá mostras de desejar uma guerra contra a Coreia do Norte.
A secretária de Estado Hillary Clinton encontra-se em visita oficial a Pequim acompanhada pelo chefe da região militar do Pacífico, Robert Willard, e nas declarações proferidas, antes e depois de chegar ao território, o tom ameaçador é claro. «Haverá consequências», disse a responsável na sequência das insídias lançadas pelos sul-coreanos, e pediu mesmo uma «resposta internacional» ao problema.
Antes de viajar para a China, Clinton, ladeada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, já havia afirmado que as provas do afundamento do Cheonan por parte da RPDC «são arrasadoras» e qualificou imediatamente o acto como «de agressão».