Centenas de milhares protestam na Grécia

Resposta massiva

Logo no dia seguinte à greve de 5 de Maio na Grécia, os trabalhadores voltaram a manifestar-se em protesto contra as medidas de austeridade aprovadas na véspera pelos «socialistas» do PASOK, com o apoio dos conservadores da ND e da extrema-direita LAOS.

O movimento popular de protesto amplia-se na Grécia

A resposta massiva dos trabalhadores gregos, que paralisaram, no dia 5, todos os sectores de actividade, realizando poderosas manifestações em 68 cidades, foi o sinal claro de que as massas populares estão dispostas a continuar a resistir ao programa anti-social do governo grego e aos ditames da UE e do FMI.

O nível de conflitualidade social poderá conhecer um novo impulso nos próximos dias com a convocação de uma nova greve geral, de 24 ou mesmo de 48 horas. Os comunistas convocaram para o próximo sábado uma grande manifestação nacional em Atenas. A tormenta social já obrigou o presidente da Grécia a reconhecer que o país está «à beira do abismo».

A Frente Sindical de Luta (PAME) salientou que, «pela primeira vez, centenas de milhares de pessoas participaram nas manifestações» por si promovidas por todo o país.

 

Provocadores

desmascarados

 

No mesmo dia, no parlamento, a secretária-geral do KKE, Aleka Papariga, denunciou as acções provocadoras e os tumultos preparados para difamar e desvalorizar a participação massiva nas manifestações da PAME e escamotear o conteúdo das palavras de ordem.

Respondendo aos ataques anticomunistas de Yorgos Karatzaferis, presidente do partido de extrema-direita LAOS, Aleka Papariga lembrou: «Quando a manifestação da PAME chegou ao parlamento, foram detectados membros do Chrysi Avgi [Aurora Dourada, grupo de extrema direita nacionalista], “desconhecidos” (conhecidos) que incendiaram a Escola Politécnica de Atenas em 1994 e que vociferavam “vamos queimar o parlamento”. Nós desarmámo-los, tirámos-lhes as bandeiras da PAME que traziam. Desmascarámo-los e protegemos a nossa manifestação na Praça Syntagma, formando um cordão. Não houve o menor incidente. Porventura os que estavam diante do parlamento terão laços de sangue, permanentes ou transitórios, com M. Karatzaferis. M. Karatzaferis desempenha realmente o papel do provocador de serviço, para impor as medidas antipopulares.»

«Para nós, a única garantia da manutenção da democracia é a organização do povo, com um programa de luta, norteado pela mudança de classe no poder e pela resistência», afirmou ainda Papariga que aproveitou para responder às ameaças vindas das outras bancadas.

«Gostaria de esclarecer o seguinte: nós temos mais experiência do que nunca e continuamos a tirar lições da nossa intervenção, das nossas insuficiências e dos nossos erros. Mas há uma coisa que vocês nunca conseguirão: encostar-nos contra a parede e impedir a nossa acção. Não pensem sequer nisso. Seria como um boomerang. Tenham disso a certeza, porque em 92 anos de existência, sabemos muito bem contra quem lutamos.»



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