Seguranças
Segundo os jornais, o primeiro-ministro José Sócrates tem, pelo menos desde o princípio deste ano, a sua equipa de segurança pessoal reforçada. A par disso, as suas deslocações passaram a estar submetidas a avaliação prévia do risco e as medidas de prevenção foram foram definidas para um grau de ameaça superior àquele a que está habitualmente sujeito.
Resta acrescentar que esta medida foi recomendada por um núcleo especial de análise da PSP, que prevê, «como consequência da crise», uma «escalada de hostilidade» contra o primeiro-ministro.
Curiosamente, por estes dias o próprio José Sócrates gabou-se a alunos de língua portuguesa, numa escola em França, de que «nunca senti que o povo português me tivesse virado as costas».
Não parece ser essa a opinião da PSP – e até disse as suas razões, apontando para «a crise». Deixando, implícito, o responsável por essa «crise»: o primeiro-ministro, pois claro.
Desobediência
O Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Beja condenou esta semana a ministra da Educação, Alçada Baptista, por desobediência, aplicando-lhe a sanção pecuniária correspondente. A desobediência ocorreu quando o ministério não suspendeu a avaliação de professores no concurso de colocação de professores, determinado pelo TAF de Beja após apresentação de uma providência cautelar interposta pela FENPROF.
Inicialmente, o gabinete da ministra, por interposto secretário de Estado, fez saber que entendia que a «citação» recebida do tribunal «não correspondia a nenhuma decisão judicial», pelo que levou agora com uma condenação por desobediência.
Na sequência, o Ministério acabou por acatar a determinação do tribunal e está a prosseguir o concurso de colocação de professores da zona referida sem os parâmetros da avaliação, tendo entretanto recorrido também nos tribunais.
Será que esta ministra vai acabar nos tristes caminhos da antecessora, sendo empurrada de recuo em recuo até à derrota final, enquanto o Ensino público se continua a esboroar à vista do País?
Demolições
A CP mandou destruir em 2001 trinta carruagens de passageiros – muitas das quais em bom estado -, tendo a empresa de sucatas de Manuel Godinho (arguido no processo Face Oculta) procedido à sua demolição na estação do Bombarral, onde foi montado um estaleiro provisório para esse efeito.
Acresce que a medida não foi pacífica, tendo, na altura, merecido vigorosos protestos do director do Museu Ferroviário Nacional e da Associação dos Amigos dos Caminhos-de-Ferro (APAC). Esta entidade, que constitui uma opinião pública especializada, criticou a CP «por não ter feito os mínimos para vender ou salvar carruagens acabadas de sair das oficinas». Acontece que as referidas 30 carruagens dadas «para abate» tinham sido modernizadas por «milhares de contos» e no quadro das revisões aplicadas a estes materiais, enquanto outras carruagens bem mais antigas eram mantidas em circulação pela CP.
Tudo isto ocorreu em 2001, com a direcção da CP presidida por Crisóstomo Teixeira, confluindo para o vasto caso de corrupção conhecido como «Face Oculta», envolvendo o mundo empresarial das sucatas e altos membros do PS/Sócrates.
Tudo isto vai, provavelmente, desaparecer sem responsáveis nem consequências...