A impostura climática
«A impostura climática» é o título - traduzido à letra - de um livro muito recente de Claude Allègre, antigo ministro da Educação de um governo francês (do governo PS/Lionel Jospin) e que quase terá estado para ser outra vez ministro - nessa segunda oportunidade (uma Nova Oportunidade à maneira francesa?) convidado por Nicolas Sarkozy. Nem por sombras é o único livro recentemente publicado sobre o malfadado dossier de um «aquecimento global» causado pelos malefícios do CO2 que uma - de costas largas - Humanidade andaria p’raí a provocar... Assim, percorrendo com os olhos as prateleiras da estante aqui à direita, vejo os livros, ainda postos deitados sobre os outros em linha com as lombadas na clássica vertical - pois ainda não tive disponibilidade para lhes encontrar uma posição «classificada» mais permanente - vejo, dizia, os livros (lá estou eu à volta com as tais vírgulas!), um o «O desastre real do aquecimento global» de Christopher Booker e o outro a «A ilusão do stique de hóquei» de A. W. Montford (títulos também, sem mais, traduzidos à letra pelo escrevente destas linhas). Pois é, é essa mesma imagem de que a temperatura depois de passar em crescente, quase moderadamente, pela curvatura que liga as duas partes do stique, iria por aí acima, pelo pau da pega desse mesmo stique, a toda a brida, sabemos lá até onde! As calotes árctica e antárctica, os glaciares alpinos, as neves eternas dos Himalaias, tudo desfeito em águas e águas, qual dilúvio retornado... e a gente a ter de construir arcas e a meter lá casais heterossexuais de espécies animais a fim de evitar que elas se extinguissem, etc ... Poder-se-á pensar que, também nos episódios críticos deste processo ao global warming e concomitante desarme da imensa burla «científica» que nos tinham preparado, e que em Copenhaga não passou, episódios críticos de que os livros mencionados são parte, pensar-se-á, então que se está sobretudo em presença de: ou uma luta com contornos políticos esquerda/direita - entre uma «esquerda» consciente que quer salvar o nosso Planeta (mesmo que com argumentos falseados) contra uma direita depredadora dos recursos naturais (os livros referidos a serem mais conotados com o lado direito do espectro político), e, claro, acima de todos esses recursos naturais tendo como bem máximo o Ambiente (dantes dizia-se o meio ambiente); ou de episódios de despique entre lobbies económicos, estilo nuclear versus petrolífero, ou a favor de novos negócios como seja os da energia eólica ou da energia solar (em 2010, uns 2/3 dos painéis solares do Mundo vão ser produzidos na China); ou, ainda, a assistir a reflexos - restos, mais que restos? - das imposições imperialistas ao terceiro mundo, ou ao sul deste - imposições, senhoritas e senhoritos, imposições em tempos de BRICs já bastante emersos? santa inocência a de quem desconhece as suas já fraquejantes forças, não mais as forças dos tempos em que as potências europeias dividiam entre si as colónias ou destruíam o Palácio de Verão em Beijing; pois se nem sequer as ainda enormes forças norte-americanas, já nem falando do dólar, chegam hoje, sem mais, para ditar ordens à maneira antiga de há um/dois anos -, imposições que têm pretendido que no terceiro mundo não se emirja à maneira depredadora do Ocidente, que se fiquem mais ou menos por onde estão, que não confundam crescimento com desenvolvimento, o blá-blá, hipócrita em grande parte dos casos, de quem acha que, mesmo que o próprio não cresça mais, já se encontra bem instalado, maxime pode prometer umas reduções razoáveis da emissão de CO2 e mostrar uns exemplos de cidadezinhas modelo na Dinamarca ou na Alemanha para Cimeira Mundial ver (mas notem que já quase nem falam das poluições verdadeiras, assobiam para o ar com o não poluente CO2, aliás necessário ao desenvolvimento das queridas árvores, CO2 cujas concentrações na atmosfera se encontram ainda longe da zona onde se correlacionam com a evolução da temperatura). Na verdade, estes episódios críticos do global warming de que «A impostura climática» de Claude Allègre, bem como os outros livros acima referidos, são exemplos relevantes, aliás como o livro várias vezes citado por Claude Allègre «A verdade sobre o efeito de estufa», escrito por Yves Lenoir, publicado na «Caminho da Ciência» há uma quinzena de anos, são episódios que relevam certamente de todas as confrontações referidas, mas que todos devemos lucidamente conhecer para aprofundar o nosso processo emancipatório.