Venezuela: um assunto nuclear...
Dentro de poucos meses, em Setembro, a Venezuela vai de novo a eleições. Agora são as legislativas e desta vez a oposição não parece disposta a repetir o erro de 2005 quando, por alegada falta de transparência, decidiu não participar. Realmente o que pretendiam era deslegitimar a votação, mas a manobra não funcionou, e essa é a razão pela qual hoje a oposição não tem representação parlamentar, excepção feita a meia dúzia de deputados outrora chavistas que se passaram com armas e bagagens para o lado da reacção.
Vai ser uma jornada crucial para o processo bolivariano. A oposição, articulada desde Washington, pensa evitar a maioria absoluta dos bolivarianos e começar a destruição do processo a partir da Câmara de deputados (o legislativo é unicameral), ao estilo de um golpe tipo Honduras. Para a continuação do processo é fundamental manter a maioria absoluta no poder legislativo, o que não parece ser impossível. Entretanto, a oposição, dentro e muito especialmente fora do país, continuará a satanizar o governo de Hugo Chávez, basicamente de duas maneiras: silenciando os avanços sociais e agitando fantasmas de um alegado castro-comunismo chavista (no gabinete de Chávez não há um só ministro comunista) e outros, que já se advinham, como veremos mais adiante.
O Centro de Investigações Económicas e Políticas (CEPR, nas suas iniciais em inglês), que está sediado em Washington, diz num relatório recente o seguinte: «Vendo os dados económicos e os indicadores sociais, não é difícil ver por que Chávez mantém a sua popularidade e ganhou várias eleições apesar de uma cobertura mediática esmagadoramente hostil». Segundo o estudo, durante o governo bolivariano o índice de pobreza desceu para metade e a pobreza extrema diminuiu ainda mais: 72%. Por outro lado, a taxa bruta de escolaridade, especialmente na educação superior, duplicou se compararmos o período de 1999-2000 com o de 2007-2008. Entretanto, os beneficiários da segurança social duplicaram durante a última década.
O CEPR é um think tank independente, não partidário, e do mesmo fazem parte, entre outros, Richard Freeman, professor de Economia da Universidade de Harvard, e dois prémios Nobel de Economia: Roberto Solow e Joseph Stiglitz.
Algo de que se vai falar e... muito!
Recentemente esteve em Caracas o primeiro-ministro russo Vladimir Putin. Entre os mais de 30 – exactamente 31 – acordos assinados está um que vai fazer correr rios de tinta envenenada: o da construção de uma central nuclear. Por agora, Washington tem-se limitado a ironizar sobre os entendimentos espaciais entre a Rússia e a Venezuela. Sobre este acordo de utilização pacífica da energia nuclear vai «iranizar»!
Não será esta a primeira vez que a Venezuela disporá de um reactor nuclear. Nos anos 60 do século passado, o Instituto Venezuelano de Investigações Científicas construiu o RV1 (3 MW), que funcionou durante duas décadas e produziu radioisótopos para aplicações médicas. Agora, que não dispõe de um reactor atómico, deve comprá-los no estrangeiro.
Mas há mais. No final da década de 70 (1978) o Organismo Internacional de Energia Atómica (OIEA) recomendou ao governo de então a utilização desta energia para produzir electricidade «já que os estudos indicavam que a produção através da hidroeléctrica chegaria a um máximo e estagnaria em 1993». Esta recomendação contou com o apoio oficial, mas ficou tudo como dantes!
Posteriormente, nos anos 80, cientistas do Conselho Nacional para o Desenvolvimento da Indústria Nuclear (Conadin) fizerem prospecção e detectaram urânio em duas províncias do país. Também foi encontrado tório (pode substituir o urânio e o plutónio) no Cerro Impacto, que seria declarado património nacional no governo do democrata-cristão Rafael Caldera.
Actualmente mais de 70% da energia eléctrica que move o país é de origem hídrica e a mudança climática tem posto em perigo a geração eléctrica de uma forma dramática (cortes frequentes de energia), o que tem sido aproveitado pela oposição fascitóide para atacar o governo bolivariano.
Ainda que o acordo Venezuela-Rússia proíba a utilização desta tecnologia para armas nucleares, especifique que ambos os países se submetem à autoridade da OIEA e limite o enriquecimento de urânio U235 a 25%, está claro que a reação nacional e internacional vai aproveitar para demonizar um pouco mais Hugo Chávez.
O «eixo do mal» vai engordar!
Vai ser uma jornada crucial para o processo bolivariano. A oposição, articulada desde Washington, pensa evitar a maioria absoluta dos bolivarianos e começar a destruição do processo a partir da Câmara de deputados (o legislativo é unicameral), ao estilo de um golpe tipo Honduras. Para a continuação do processo é fundamental manter a maioria absoluta no poder legislativo, o que não parece ser impossível. Entretanto, a oposição, dentro e muito especialmente fora do país, continuará a satanizar o governo de Hugo Chávez, basicamente de duas maneiras: silenciando os avanços sociais e agitando fantasmas de um alegado castro-comunismo chavista (no gabinete de Chávez não há um só ministro comunista) e outros, que já se advinham, como veremos mais adiante.
O Centro de Investigações Económicas e Políticas (CEPR, nas suas iniciais em inglês), que está sediado em Washington, diz num relatório recente o seguinte: «Vendo os dados económicos e os indicadores sociais, não é difícil ver por que Chávez mantém a sua popularidade e ganhou várias eleições apesar de uma cobertura mediática esmagadoramente hostil». Segundo o estudo, durante o governo bolivariano o índice de pobreza desceu para metade e a pobreza extrema diminuiu ainda mais: 72%. Por outro lado, a taxa bruta de escolaridade, especialmente na educação superior, duplicou se compararmos o período de 1999-2000 com o de 2007-2008. Entretanto, os beneficiários da segurança social duplicaram durante a última década.
O CEPR é um think tank independente, não partidário, e do mesmo fazem parte, entre outros, Richard Freeman, professor de Economia da Universidade de Harvard, e dois prémios Nobel de Economia: Roberto Solow e Joseph Stiglitz.
Algo de que se vai falar e... muito!
Recentemente esteve em Caracas o primeiro-ministro russo Vladimir Putin. Entre os mais de 30 – exactamente 31 – acordos assinados está um que vai fazer correr rios de tinta envenenada: o da construção de uma central nuclear. Por agora, Washington tem-se limitado a ironizar sobre os entendimentos espaciais entre a Rússia e a Venezuela. Sobre este acordo de utilização pacífica da energia nuclear vai «iranizar»!
Não será esta a primeira vez que a Venezuela disporá de um reactor nuclear. Nos anos 60 do século passado, o Instituto Venezuelano de Investigações Científicas construiu o RV1 (3 MW), que funcionou durante duas décadas e produziu radioisótopos para aplicações médicas. Agora, que não dispõe de um reactor atómico, deve comprá-los no estrangeiro.
Mas há mais. No final da década de 70 (1978) o Organismo Internacional de Energia Atómica (OIEA) recomendou ao governo de então a utilização desta energia para produzir electricidade «já que os estudos indicavam que a produção através da hidroeléctrica chegaria a um máximo e estagnaria em 1993». Esta recomendação contou com o apoio oficial, mas ficou tudo como dantes!
Posteriormente, nos anos 80, cientistas do Conselho Nacional para o Desenvolvimento da Indústria Nuclear (Conadin) fizerem prospecção e detectaram urânio em duas províncias do país. Também foi encontrado tório (pode substituir o urânio e o plutónio) no Cerro Impacto, que seria declarado património nacional no governo do democrata-cristão Rafael Caldera.
Actualmente mais de 70% da energia eléctrica que move o país é de origem hídrica e a mudança climática tem posto em perigo a geração eléctrica de uma forma dramática (cortes frequentes de energia), o que tem sido aproveitado pela oposição fascitóide para atacar o governo bolivariano.
Ainda que o acordo Venezuela-Rússia proíba a utilização desta tecnologia para armas nucleares, especifique que ambos os países se submetem à autoridade da OIEA e limite o enriquecimento de urânio U235 a 25%, está claro que a reação nacional e internacional vai aproveitar para demonizar um pouco mais Hugo Chávez.
O «eixo do mal» vai engordar!