Três convites no 6 e no 8 de Março

Margarida Botelho (Membro da Comissão Política)
Na edição do Avante! que comemora o 89.º aniversário do PCP e o centenário do Dia Internacional da Mulher, deixamos três apelos às mulheres.

«Participem na vida do Partido, tragam mais mulheres à luta»

Hoje, 4 de Março, estarão dezenas de milhares de trabalhadoras da Administração Pública em greve. Nos últimos anos, têm sido muitas as lutas protagonizadas por mulheres: lutas de sectores profissionais altamente feminizados, como o têxtil, os professores ou os enfermeiros, mostrando que a sindicalização é uma arma na defesa dos direitos das mulheres; lutas por melhores condições de vida, de que se destacam a defesa dos serviços públicos, nomeadamente nas áreas da saúde, da educação e dos transportes. Este é o primeiro apelo às mulheres: que se organizem e lutem. Nos sindicatos, nas associações e nas organizações de mulheres, nas empresas e nos locais de trabalho, nas áreas de residência e de lazer. Só a unidade e a luta, com a participação decidida das mulheres, pode permitir combater esta política que tem condenado o país ao atraso social e económico. As discriminações a que estão sujeitas as mulheres são um obstáculo ao progresso social – e por isso é essencial dar-lhes combate. A igualdade na lei e na vida para as mulheres trabalhadoras não é possível de alcançar no capitalismo – e é por isso que a concretização da democracia avançada é objectivamente do interesse das mulheres. Para o PCP, a emancipação efectiva da mulher é inseparável do combate ao capitalismo e da luta pelo socialismo – e por isso consideramos que «o direito das mulheres à igualdade, intimamente ligado à sua luta emancipadora, é condição para a democratização e humanização da sociedade e o livre desenvolvimento das capacidades criativas e produtivas das mulheres».1 E este é o segundo convite que é preciso multiplicar, dirigido aos milhares de mulheres que sabem que este é o seu Partido: junta-te a nós, companheira! Está na hora de dar um passo em frente e aderir ao PCP. Às mulheres comunistas «O PCP só tem a ganhar com a intervenção empenhada e militante das mulheres. Tem ganho com a sua força e coragem, com a diversidade das suas competências e capacidades. Tem ganho com a riqueza das formas próprias e específicas das mulheres de intervir e encarar a vida. Tem ganho com a ternura, a simpatia, o sorriso e a alegria que, em geral, as inunda.»2 Ao longo destes 89 anos de história e luta do PCP, foram muitos milhares as mulheres que dedicaram a sua vida a construir o Partido. Foram funcionárias e dirigentes clandestinas nos 48 anos de ditadura fascista. Foram activistas destacadas e obreiras discretas da luta do povo, transportando propaganda e imprensa, recolhendo apoio para os presos políticos e as suas famílias, falando de igualdade em tempos de servidão. Deram o nome e a cara pelo movimento democrático. Muitas foram perseguidas, presas, torturadas, exiladas, assassinadas. Resistiram e lutaram. Foram muitos milhares as mulheres comunistas que participaram na Revolução de Abril. Saíram à rua, distribuíram cravos, abriram Centros de Trabalho, votaram pela primeira vez, estiveram na primeira linha da Reforma Agrária, das nacionalizações, das organizações populares, do poder local democrático e das associações de mulheres. Educaram uma nova geração em liberdade. Com a sua participação em todas as esferas da vida, venceram preconceitos e ideias retrógradas e exerceram direitos que a lei e a Constituição só vieram a reconhecer mais tarde. São hoje muitos milhares as mulheres comunistas que são indispensáveis ao Partido e à luta dos trabalhadores e do povo. Milhares de mulheres comunistas, de todas as idades, operárias, empregadas, estudantes, intelectuais e quadros técnicos, donas de casa, desempregadas, reformadas, que lutam por melhores condições de vida, por melhores salários, pelo direito ao emprego, à saúde, à educação, à paz, à igualdade, à felicidade. «As mulheres comunistas têm ganho neste grande colectivo partidário. Ganho confianças, autoconfiança, capacidade de exercer responsabilidades e direitos, de discutir e argumentar. Enriquecendo-se como pessoas, valorizando colectivamente os indivíduos, em movimento imparável de lutas pelas mudanças sociais, capazes de dignificar os cidadãos, de lhes garantir bem estar.»3 Neste momento da história do nosso País, em que milhões são condenados à pobreza, ao desemprego, à precariedade, mas em que ao mesmo tempo se desenvolvem notáveis lutas de massas e extraordinários avanços da ciência e da técnica que abrem novas perspectivas de desenvolvimento, é neste momento que deixamos um apelo às mulheres comunistas. Que participem cada vez mais na vida do Partido, que aceitem tarefas e responsabilidades, que contribuam com a sua opinião e o seu trabalho, que tragam outras mulheres à luta. Não há melhor forma de comemorar o centenário do Dia da Mulher e o aniversário do PCP.


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