Eles não têm ilusões, só perversões!

Manuel Gouveia
«Desde o tempo de Salazar que um grupo de talvez 40 famílias - que controla a maioria da riqueza do País - desempenha um papel decisivo no exercício do poder político. A sua posição é derivada do seu controlo da economia, propriedade de meios de comunicação social, representação nos corpos legislativos, e a sua estreita ligação com os cargos superiores do Governo. Consequentemente, a política do governo tem reflectido as posições conservadoras deste grupo nos planos político, económico e social.»
Este texto tem 36 anos. Pertence a um dos relatórios secretos da CIA sobre Portugal realizados em 1974, e que a Associação 25 de Abril tornou público no seu site.
Assim se constata que o que a CIA escreve nos seus relatórios secretos e o que a CIA manda escrever pelos seus analistas (que ontem como hoje enxameam a Comunicação Social) são duas coisas diferentes. É a diferença entre informação e propaganda.
Aqui descrito pela própria CIA encontramos o capitalismo monopolista de Estado que o 25 de Abril liquidaria e que a contra-revolução tomaria como tarefa principal reconstruir. Deixando bem claro o carácter objectivo de um poder económico que determina o poder político e as suas formas. De um poder económico que em nome dos seus previlégios impôs a mais brutal repressão dos trabalhadores e do povo, impôs uma guerra colonial, impôs a censura e a PIDE. De um poder económico que é hoje, no essencial, o mesmo cujos interesses comandam o Estado Português.
Assim se reforça a análise que o PCP em 1965 colocara como um dos eixos centrais da revolução democrática e nacional, a de que não há democracia política sem democracia económica. E se desmascara os que - agindo às ordens ou em estreita colaboração com a CIA durante a revolução portuguesa - sistematicamente mentiram ao povo, quando difundiam as teses de que a liberdade dos exploradores é condição para a liberdade dos explorados.
Hoje, perante a ofensiva brutal dos exploradores, que acumulam lucros e propriedades enquanto tentam forçar os trabalhadores a pagar a crise de um modo de produção falido (o capitalista), é importante lembrarmo-nos do quanto depende a nossa liberdade e o nosso futuro da capacidade de retirar à burguesia os sectores estratégicos da economia.


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