Hora de luta!

Margarida Botelho
Na semana passada o Conselho de Estado reuniu de urgência, o ministro das Finanças deu uma conferência de imprensa em que até a posição da bandeira nacional foi pretexto para especular se se demitiria ou não, a presidente do PSD foi chamada – de urgência, também – a S. Bento, todos foram instados a comentar tudo – do suspense aos factos.
Esperar-se-ia tamanho desassossego com os números do desemprego que não páram de subir, com o anúncio do congelamento dos salários, com a velha moda das praças de jorna – agora rebaptizada de «contratos de trabalho intermitentes», ou com o Orçamento de Estado, garantidamente viabilizado pelo PSD e CDS. Mas não: tratava-se da famosa alteração à Lei das Finanças Regionais.
Resumindo bem, descontando crispações mais ou menos encenadas, o Governo do PS lá terá conseguido o seu objectivo: disfarçar que se entendeu perfeitamente à direita para viabilizar um Orçamento de direita, fazer parecer que se preocupa com o «despesismo», criar o caldo de cultura para se vitimizar e servir com afinco os grandes grupos económicos.
Enquanto isto, contra todas as vozes e ameaças que pregam o conformismo e o medo, dezenas de milhares de trabalhadores decidiram participar em acções de luta no breve espaço de uma semana. Foram milhares de enfermeiros e de outros trabalhadores da administração pública. Foram centenas de trabalhadores do sector privado, da Confetil, da Limpersado, da Ipodec, da Platex, entre tantas outras empresas. Foram desempregados, reformados, jovens e mulheres.
Cada um destes tem motivos muito fortes para participar nos plenários do seu sindicato, para se inscrever no autocarro e rumar a Lisboa, para se juntar com os colegas à porta da fábrica, para fazer greve. Cada um destes assumiu para si e perante os outros – os colegas, a família, o chefe, o patrão, a sociedade – que assim não pode ser. Que chega. Que já basta. Que é hora de mudar e que é tempo de lutar.
É dessa força, dessa determinação, dessa unidade, que o país precisa. É na luta que reside a esperança de um País mais justo, com emprego, melhores salários, com direitos. A luta continua!


Mais artigos de: Opinião

É preciso acreditar

O Seminário do PCP «2000/2010, dez anos de política de direita – exigência de ruptura» mostrou uma vez mais a imperiosa necessidade de romper com as amarras que prendem Portugal ao imperialismo e impedem o seu desenvolvimento.O problema da dependência externa de Portugal, que tem a marca entreguista das classes...

Aveiro - a devastação social PS<br>e a resposta necessária

O distrito de Aveiro é um paradigma das políticas de direita do Governo PS e dos seus desastrosos efeitos económicos e sociais, que neste momento se aprofundam e agravam. No quadro deste Orçamento de Estado para 2010, perfilam-se novos elementos de radicalização desta brutal ofensiva de devastação social para fazer crescer os lucros do grande capital.

www.imperialismo.com

Assinalou-se na passada terça-feira o «Dia europeu da internet segura». Perguntar-se-á o leitor e bem sobre qual a sua utilidade. Resultando sobretudo das pressões dos lobbies, cumprindo os objectivos da agenda política e ideológica da burocracia de Bruxelas e servindo essencialmente para desviar atenções do essencial,...

Eles não têm ilusões, só perversões!

«Desde o tempo de Salazar que um grupo de talvez 40 famílias - que controla a maioria da riqueza do País - desempenha um papel decisivo no exercício do poder político. A sua posição é derivada do seu controlo da economia, propriedade de meios de comunicação social, representação nos corpos legislativos, e a sua estreita...

O folhetim

O País está a viver empolgantes dias de (mais) uma saga que, mal comparando – falta o fulgor e arte de Camilo presentes até na literatura de cordel – nos remete para o sempre actual e de sucesso garantido «Maria! Não Me Mates, Que Sou Tua Mãe!», folheto de dezasseis páginas que conta a história de uma filha que mata a...