Governo falha no combate ao desemprego
O aumento do desemprego é revelador do «falhanço rotundo» da governação. Quem o afirma é o PCP, que exige «medidas de excepção» de apoio aos desempregados face à «avassaladora destruição de emprego» a que o País assiste.
Desemprego mostra o falhanço da governação
Esta posição foi assumida pelo Secretário-geral do PCP no debate quinzenal realizado na semana transacta com o rimeiro-ministro, o primeiro desta legislatura, a quem desafiou a esclarecer o que pensa fazer para apoiar aqueles que vivem o drama do desemprego, casos em que marido e mulher partilham o mesmo pesadelo.«muitos sem saída, vendo acabar-se o período do subsídio sem que encontrem outro emprego».
«O que pensa o Governo fazer? Que alargamento de critérios para atribuição do subsídio de desemprego?», perguntou Jerónimo de Sousa, sublinhando que a medida anunciada na apresentação do programa do Governo abrangendo apenas oito mil desempregados, é «manifestamente insuficiente».
Este foi aliás um dos temas fortes introduzido no debate pelo dirigente comunista, que não escondeu o seu cepticismo perante o combate ao desemprego anunciado pelo Governo. «Não convence ninguém», observou, antes de pôr em evidência a desconformidade entre o discurso governamental e a realidade: o País já assistiu à afirmação da «diminuição do desemprego», ao «tempo da estabilidade do desemprego», ao «tempo de algum aumento do desemprego» e hoje «temos o disparo do desemprego».
Classificando-o de «problema sério», considerou que o desemprego demonstra o falhanço das medidas anunciadas pelo Governo que, tal como o anterior, «limita-se a correr atrás do prejuízo».
Jerónimo de Sousa, a este respeito, citou casos recentes como o da empresa Lear, assinalando que nesse mesmo dia em que o debate estava a decorrer o País tomara conhecimento de que a Leoni encerrara portas (ver página cinco), lançando no desemprego cerca de 600 trabalhadores, num distrito já de si profundamente flagelado como é o de Viana do Castelo.
Justiça sob fogo
Nota a reter do debate foi ainda a acesa troca de acusações entre o primeiro-ministro e o PSD a propósito do processo «Face Oculta», nomeadamente das escutas.
«Nunca vi um ataque por parte de um Governo e de um grupo parlamentar tão indigno à instituição da Justiça» sublinhou Manuela Ferreira Leite, acrescentando: «Quando os senhores estão embaraçados não olham a meios para atingir fins, e isso é algo de muito grave em democracia».
José Sócrates, na resposta, acusou a líder do PSD de «transformar a conscuvilhice e a política de fechadura numa linha política». Considerou que mais não fez do que «lançar lama e suspeições sobre os seus adversários políticos», e, entre outros epítetos, imputou-lhe «falta de ética» e responsabilizou-a por degradar a vida política.
Urge baixar factura energética
Num debate aproveitado por José Sócrates para anunciar a intenção de propor à concertação social a fixação do salário mínimo nacional em 475 euros no próximo ano – medida que a bancada comunista não deixou de registar positivamente, valorizando a sua «relevância e alcance social» -, outro tema forte a ganhar destaque foi o da factura energética.
Para Jerónimo de Sousa, que trouxe a questão a lume, o congelamento dos preços da energia para as micro, pequenas e médias empresas «seria uma medida de grande fôlego para a nossa indústria e a nossa agricultura». Tanto mais que, esclareceu, o que mais pesa na estrutura das nossas empresas são os custos de produção e não os salários.
Daí o desafio por si lançado ao chefe do Executivo no sentido de saber se este estaria disponível para incrementar uma medida desta natureza, como defende o PCP em propostas já formalizadas no Parlamento, tendo em conta o quadro de desemprego e a proclamada necessidade do aumento da competitividade das nossas empresas.
Proposta para congelar os preços da energia que José Sócrates rejeitou, alegando que seria «um erro», porque implicaria «compensar essas empresas com o dinheiro dos contribuintes». Disse também não acreditar na solução que passa pela nacionalização das empresas, afirmando que tal conduz ao «declínio económico».
Critérios desiguais
Jerónimo de Sousa, na réplica, garantiu que «erro», esse sim, é o que o primeiro-ministro comete na sua avaliação. E precisou que «o problema não está no dinheiro dos contribuintes mas sim nos lucros dos grandes accionistas que têm como fase terminal o seu bolso. Dinheiro que não é para investir, não é para desenvolver a economia».
Mas não se ficou por aí. O líder comunista fez ainda notar que José Sócrates não foi «tão determinado quando se tratou de nacionalizar o BPN», porque aí o que estava em causa era «nacionalizar os custos, os prejuízos, tentar salvar aqueles que fizeram a vigarice, andaram durante anos a depauperar essa instituição».
José Sócrates, sobre a nacionalização do BPN, repetiu o sofisma de que a intervenção se destinou não a salvar qualquer accionista mas a «salvar os depósitos dos portugueses», bem como a evitar «uma consequência negativa em todo o sistema financeiro».
Por fim, fazendo uma profissão de fé no capitalismo, repetiu não acreditar no que apelidou de «caminho do isolamento do resto da Europa», com Portugal a fixar «administrativamente os preços da energia».
«O que pensa o Governo fazer? Que alargamento de critérios para atribuição do subsídio de desemprego?», perguntou Jerónimo de Sousa, sublinhando que a medida anunciada na apresentação do programa do Governo abrangendo apenas oito mil desempregados, é «manifestamente insuficiente».
Este foi aliás um dos temas fortes introduzido no debate pelo dirigente comunista, que não escondeu o seu cepticismo perante o combate ao desemprego anunciado pelo Governo. «Não convence ninguém», observou, antes de pôr em evidência a desconformidade entre o discurso governamental e a realidade: o País já assistiu à afirmação da «diminuição do desemprego», ao «tempo da estabilidade do desemprego», ao «tempo de algum aumento do desemprego» e hoje «temos o disparo do desemprego».
Classificando-o de «problema sério», considerou que o desemprego demonstra o falhanço das medidas anunciadas pelo Governo que, tal como o anterior, «limita-se a correr atrás do prejuízo».
Jerónimo de Sousa, a este respeito, citou casos recentes como o da empresa Lear, assinalando que nesse mesmo dia em que o debate estava a decorrer o País tomara conhecimento de que a Leoni encerrara portas (ver página cinco), lançando no desemprego cerca de 600 trabalhadores, num distrito já de si profundamente flagelado como é o de Viana do Castelo.
Justiça sob fogo
Nota a reter do debate foi ainda a acesa troca de acusações entre o primeiro-ministro e o PSD a propósito do processo «Face Oculta», nomeadamente das escutas.
«Nunca vi um ataque por parte de um Governo e de um grupo parlamentar tão indigno à instituição da Justiça» sublinhou Manuela Ferreira Leite, acrescentando: «Quando os senhores estão embaraçados não olham a meios para atingir fins, e isso é algo de muito grave em democracia».
José Sócrates, na resposta, acusou a líder do PSD de «transformar a conscuvilhice e a política de fechadura numa linha política». Considerou que mais não fez do que «lançar lama e suspeições sobre os seus adversários políticos», e, entre outros epítetos, imputou-lhe «falta de ética» e responsabilizou-a por degradar a vida política.
Urge baixar factura energética
Num debate aproveitado por José Sócrates para anunciar a intenção de propor à concertação social a fixação do salário mínimo nacional em 475 euros no próximo ano – medida que a bancada comunista não deixou de registar positivamente, valorizando a sua «relevância e alcance social» -, outro tema forte a ganhar destaque foi o da factura energética.
Para Jerónimo de Sousa, que trouxe a questão a lume, o congelamento dos preços da energia para as micro, pequenas e médias empresas «seria uma medida de grande fôlego para a nossa indústria e a nossa agricultura». Tanto mais que, esclareceu, o que mais pesa na estrutura das nossas empresas são os custos de produção e não os salários.
Daí o desafio por si lançado ao chefe do Executivo no sentido de saber se este estaria disponível para incrementar uma medida desta natureza, como defende o PCP em propostas já formalizadas no Parlamento, tendo em conta o quadro de desemprego e a proclamada necessidade do aumento da competitividade das nossas empresas.
Proposta para congelar os preços da energia que José Sócrates rejeitou, alegando que seria «um erro», porque implicaria «compensar essas empresas com o dinheiro dos contribuintes». Disse também não acreditar na solução que passa pela nacionalização das empresas, afirmando que tal conduz ao «declínio económico».
Critérios desiguais
Jerónimo de Sousa, na réplica, garantiu que «erro», esse sim, é o que o primeiro-ministro comete na sua avaliação. E precisou que «o problema não está no dinheiro dos contribuintes mas sim nos lucros dos grandes accionistas que têm como fase terminal o seu bolso. Dinheiro que não é para investir, não é para desenvolver a economia».
Mas não se ficou por aí. O líder comunista fez ainda notar que José Sócrates não foi «tão determinado quando se tratou de nacionalizar o BPN», porque aí o que estava em causa era «nacionalizar os custos, os prejuízos, tentar salvar aqueles que fizeram a vigarice, andaram durante anos a depauperar essa instituição».
José Sócrates, sobre a nacionalização do BPN, repetiu o sofisma de que a intervenção se destinou não a salvar qualquer accionista mas a «salvar os depósitos dos portugueses», bem como a evitar «uma consequência negativa em todo o sistema financeiro».
Por fim, fazendo uma profissão de fé no capitalismo, repetiu não acreditar no que apelidou de «caminho do isolamento do resto da Europa», com Portugal a fixar «administrativamente os preços da energia».