Aqui e agora – sim é possível!

Carlos Gonçalves (Membro da Comissão Política)
O futuro começa aqui e agora. Os trabalhadores e o povo e têm a possibilidade real de «inventar o futuro», partindo dos elementos e contradições essenciais do processo histórico. Sim, é possível construir o futuro!

Com determinação e confiança, com uma imensa alegria, sim, é possível

Não num passe de mágica, mas no caminho da inteligência, da luta e determinação de classe de gerações do «trabalhador colectivo», num percurso de imensas dificuldades e perdas, mas sempre juntando forças, superando obstáculos e etapas e avançando até à vitória.

O ano de todas as lutas

2009 é o ano de todos os combates e de enormes exigências para os comunistas e o seu Partido. Um ano em que intervimos, com todas as forças, nas grandes lutas massas, para travar a ofensiva do grande capital e das políticas de direita do Governo PS, em que enfrentamos as políticas da crise, a rapina de recursos do Estado e dos direitos e qualidade de vida dos trabalhadores, o assalto aos serviços públicos, o esbulho de pensões e reformas, a destruição do tecido produtivo, o desemprego galopante, a precariedade que assola a juventude e a brutal concentração de riqueza no poder económico, que medra nas «oportunidades» da crise capitalista.
2009 é o ano de todas as batalhas eleitorais. Em 7 de Junho, nas eleições do PE, culminando um período de tantas lutas - como a Marcha de 23 de Maio –, foi possível impor uma grande derrota às políticas de direita, às orientações do Governo PS e à sua maioria absoluta, e reforçar significativamente a expressão eleitoral da CDU, abrindo caminho a novos avanços nas legislativas de 27 de Setembro e nas autárquicas de 11 de Outubro.
Chegamos aqui, à nossa Festa do Avante!, expressão da inserção e projecto do PCP e, desde logo, o maior comício desta campanha eleitoral de cinco semanas, com um programa claro - de ruptura, patriótico e de esquerda – e que, ao contrário de outros, comporta uma verdadeira alternativa política, profundamente democrática, para dar resposta aos problemas nacionais, e que honraremos em quaisquer circunstâncias.
Chegamos aqui apoiados na construção unitária deste projecto CDU, envolvendo muitos milhares de comunistas, ecologistas e cidadãos sem partido na luta por um novo rumo para as suas freguesias e concelhos e para o País, com uma campanha planificada para a acção militante de contacto e de massas, em defesa dos trabalhadores e do povo, e que nos diferencia das encenações plastificadas de outras forças políticas.

O ano de todas as mistificações

O falhanço clamoroso das políticas de direita dos sucessivos governos do PS, PSD e CDS-PP, muitas vezes derrotados pela luta de massas e postos em causa pela degradação da respectiva base de apoio e pela intervenção do PCP (que afinal faltou à sua «morte anunciada»), resulta numa situação em que, além de urgente, fica mais próxima a possibilidade de alterar a correlação de forças em sentido favorável a uma nova política. Por isso, como se confirma nos «media» dominantes, abundam as mistificações para travar o crescimento do PCP e da CDU.
Desde logo o branqueamento do PS e das suas políticas, como se a denúncia do reaccionarismo do PSD fizesse esquecer as mesmíssimas orientações que levou a cabo, como se de novo as falsas promessas «de esquerda» fizessem esquecer que o seu Governo foi o que levou mais longe a política de direita.
A produção artificial da diferença entre PSD e PS, apresentando como alternativo um projecto de mera alternância, em que pouco mais mudaria que os executantes e a embalagem das mesmas políticas, procurando fazer esquecer que o PSD está sem substância, já que o PS tomou conta da sua agenda política.
A mistificação do «bloco central», como se a «convergência estratégica» entre Governo e PR, e todas as políticas estruturantes, não tivessem sempre sido apoiadas por PS e PSD, com os resultados evidentes.
A propaganda da «estabilidade governativa», como se daí não resultasse sempre mais destruição do tecido produtivo e maior instabilidade das populações laboriosas.
A promoção sem pudor do CDS-PP e do seu discurso populista e reaccionário, para que possa voltar a ser a bengala de qualquer solução que perpetue a política de direita.
A reverência mediática com o BE para promover a fraseologia «de esquerda» que esconde o vazio de projecto e o anticomunismo – de utilidade inconfessável –, para tentar travar o crescimento da CDU e a alternativa à esquerda em Portugal.

* * *


Aqui e agora a perversidade das mistificações que o poder económico, político e mediático coloca em linha de batalha contra o PCP é, em si mesmo, mais uma prova de que estamos a crescer e que a alternativa é possível.
Chegados à Festa do Avante! e às grandes lutas políticas e eleitorais destes últimos meses de 2009, aqui estamos, com determinação e confiança, «com uma imensa alegria». Sim, é possível! O futuro começa aqui e agora.


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