Relatório revela novos detalhes

Tortura sem punição

Um documento desclassificado pelo Departamento de Justiça norte-americano revelou novos detalhes sobre os crimes cometidos pelos EUA contra detidos suspeitos de terrorismo. A ONU manifesta-se contra a impunidade.

Obama criou nova unidade para interrogatórios

De acordo com o texto a que o The New York Times teve acesso, membros da CIA terão torturado os prisioneiros e ameaçado as suas famílias caso não confessassem o seu envolvimento com a al-Qaeda e a participação em atentados.
No seguimento dos elementos que vêm confirmar o que há muito não era segredo (isto embora muito mais esteja por saber, a julgar pelas páginas inteiras do relatório rasuradas), o procurador Eric Holder – que até agora defendeu a não investigação das práticas da administração Bush junto com Barack Obama e com o director da CIA nomeado pelo presidente em exercício, Leon Panetta – foi obrigado pela pressão e contestação pública a nomear John Durham para conduzir as eventuais acusações contra os agentes.
A União norte-americana de Liberdades Civis (ACLU, na sugla inglesa), cujas acções em tribunal contra a ocultação das provas da tortura foram decisivas para o actual desenrolar dos processos, considera a decisão um avanço, mas insuficiente, por isso exige que se procedam a investigações abrangendo não apenas os executantes das ordens mas também os responsáveis políticos.
Reagindo às informações divulgadas segunda-feira, a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay expressou repúdio por qualquer tipo de impunidade nos casos de tortura e pediu que fossem investigadas também as denuncias relativas aos ex-presos do campo de concentração norte-americano de Guantanamo, bem como as alegadas torturas praticadas noutras instalações semelhantes administradas pelos EUA.

Blackwater e CIA

A juntar à publicação do relatório da CIA, a semana passada o matutino nova-iorquino informou que, em 2004, a CIA contratou os serviços da Blackwater para ajudar a realizar o trabalho sujo.
O New York Times baseia-se nos testemunhos de actuais e antigos operacionais da secreta para avançar que a empresa de segurança privada teve um papel importante na captura e aniquilação de alegados militantes da al-Qaeda no Afeganistão, não tendo no entanto sido possível apurar se a Blackwater se limitava a vigiar os alvos e a fornecer treino aos agentes. Certo é que a companhia recebeu da administração republicana, com os votos dos democratas nos orçamentos da guerra, naturalmente, milhões de dólares em serviços prestados.

Obama aprova nova unidade

Tudo isto ocorre em simultâneo com a criação por parte da Casa Branca de uma nova unidade dita de contraterrorismo encarregue de interrogar os indivíduos suspeitos de pertencerem a «células terroristas».
Segundo o The Washington Post, Obama terá subscrito o diploma que institui o Grupo de Interrogatório de Detidos de Alto Valor antes de partir de férias visando melhorar a imagem da sua administração, quer perante os que contestam o uso de tortura e exigem a investigação das iniciativas na era Bush, quer perante os que, como o ex-vice-presidente Dick Cheney, sustentam que as investigações têm motivações políticas e insistem que o uso de «técnicas avançadas de interrogatório» salvaram vidas.


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