UNASUR preocupada com a Colômbia

A cimeira de chefes de Estado da União de Nações Sul-americanas (UNASUR), realizada esta segunda-feira, 10, na capital do Equador, Quito, pronunciou-se a favor do diálogo directo com Barack Obama para apurar quais as «verdadeiras intenções» de Washington em relação à região, uma vez que as decisões do Departamento de Estado não coincidem com as declarações do presidente dos EUA.
A proposta partiu do presidente do Brasil, Lula da Silva, secundado pela sua homóloga argentina, Cristina Kirchner, que embora manifestando preocupação com a decisão do governo colombiano de permitir a instalação de bases militares norte-americanas no país, consideram não estar esgotado o crédito de confiança depositado em Obama.
«Está a ser criada uma situação de beligerância na região, inédita e inaceitável, que pode desembocar em situações que decididamente ninguém deseja», afirmou Kirchner, dizendo acreditar que a «etapa da violência na região já tinha sido ultrapassada».
O tema foi trazido a debate pelo chefe de Estado venezuelano, Hugo Chávez, que alertou para o processo desestabilizador que se avizinha da região com essas «instalações do império».
«As bases militares que os EUA pretendem instalar na Colômbia podem desencadear uma guerra na região», disse Chávez, sublinhando que o seu país se sente ameaçado pois «hoje acusa-se a Venezuela de albergar grupos terroristas para criar as condições para a invadir».
Os responsáveis da UNASUR concordaram em analisar de novo a questão no encontro de ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da organização que está agendada para 24 de Agosto, bem como convocar uma cimeira de chefes de Estado com o presidente da Colômbia, que não esteve presente no Equador devido ao corte de relações diplomáticas entre Quito e Bogotá. A Argentina disponibilizou-se para acolher o encontro, que nada augura vir a ser pacífico.
Quando Bogotá anunciou estar a negociar com Washington a instalação de sete bases militares norte-americanas na Colômbia, o presidente Álvaro Uribe fez um périplo por vários países sul-americanos para tentar justificar a medida, mas excluiu a Venezuela e o Equador.
Chávez desvalorizou a discriminação, mas não se cansa de advertir que é uma «gigantesca ingenuidade» pensar que as operações militares das bases norte-americanas que vierem a ser instaladas na Colômbia estarão sujeitas ao controlo de Bogotá.
Em entrevista concedida esta semana ao diário bogotano El Tiempo, Chávez enfatizou que serão os EUA a comandar as acções militares na Colômbia, e que nem o próprio Uribe as poderá controlar, incluindo mesmo as que forem efectuadas com o Exército colombiano.
A reunião de Quito marcou o início da presidência equatoriana da UNASUR e coincidiu com a tomada de posse do presidente Correa para o seu segundo mandato à frente dos destinos do Equador e com a comemoração do bicentenário da independência do país.


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